Dólar vira para alta e fecha acima de R$ 5,60, mesmo com ‘despiora’ do cenário fiscal

Notícias vindas do Congresso Nacional sinalizam que PEC dos Precatórios pode não levar ao descontrole dos gastos do governo, como temido

Nos últimos meses, a discussão sobre o financiamento do Auxílio Brasil concentrou as preocupações do mercado financeiro brasileiro, reverberando no câmbio. A saída encontrada foi usar a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 23/2021 para adiar o pagamento dos precatórios (dívidas judiciais) do governo em 2022 e fazer sobrar recursos que seriam utilizados com o novo benefício.

A demora em aprovar a proposta vinha alimentando o medo de que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pudesse adotar alguma solução voluntariosa para viabilizar o benefício rapidamente (vulgo canetada), já que não é permitida a criação de benefícios em ano eleitoral. Outro medo era de que a PEC fosse usada para acomodar mais gastos eleitoreiros. Mas duas notícias chegaram a apaziguar um pouco os ânimos nesta sexta-feira (19), reduzindo a pressão sobre o câmbio durante parte da sessão.

O senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) apresentou a ideia de fatiar a PEC para acelerar o trâmite no Congresso e conseguir fazer o primeiro pagamento do Auxílio Brasil ainda em 2021. A sugestão é incorporar mudanças dos senadores ao texto que a Câmara dos Deputados já aprovou em dois turnos e promulgar somente os trechos já avalizados pelas duas Casas.

O presidente de Câmara, Arthur Lira, disse em entrevista ao Valor PRO, o serviço de notícias em tempo real do Valor Econômico, não ver espaço para um amplo reajuste dos servidores públicos como anunciado por Bolsonaro.

O dólar comercial fechou em alta de 0,70%, vendido por R$ 5,6080 pelas instituições financeiras que atendem empresas com compromissos a saldar no exterior, como as exportadoras. De manhã, a moeda chegou a cair, mas virou para alta com os comentários de Christopher Waller, diretor do Federal Reserve (Fed), apontando que a autoridade monetária dos Estados Unidos pode acelerar a retirada dos estímulos (“tapering”) se a economia do país estiver rumo ao pleno emprego e se os dados de inflação não apresentarem um recuo. O dólar turismo subiu 0,54%, a R$ 5,8190.