Petróleo sobe ao maior nível desde 2008 com proibição russa na mesa

A intenção é espremer as exportações da principal indústria de energia da Rússia

Os preços do petróleo dispararam e são negociados nos maiores níveis desde 2008, impulsionados por temores de oferta em meio à possibilidade de proibição do petróleo russo pelos Estados Unidos e aliados.

Às 7h05, os contratos futuros para abril do petróleo bruto WTI, de referência dos EUA, subiam 6,22%, a US$ 122,97 por barril, depois de alcançar a marca de US$ 127 quando as negociações foram abertas ainda no domingo. Ação semelhante foi observada na referência internacional, com o barril do tipo Brent subindo 6,15%, para US$ 125,38, depois de ter testado a marca de US$ 139 por barril no início do pregão.

Os preços do petróleo estão agora em seus níveis mais altos desde 2008, quando o WTI atingiu cerca de US$ 140, após o salto de 20% para ambas as referências apenas na semana passada, em meio ao conflito na Ucrânia.

“Uma combinação de fatores tóxicos no fim de semana induz ao pânico hoje”, resumiu Jeffrey Halley, analista da corretora Oanda.

Um grande catalisador para o mais recente aumento das commodities foram as declarações no fim de semana do secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, de que Washington e seus aliados estariam considerando uma proibição total do petróleo russo.

Até agora, duras sanções econômicas e financeiras à Rússia em resposta ao ataque à Ucrânia foram levantadas, mas um embargo ao fornecimento de energia estava sendo evitado, de modo um completo agravamento da situação.

Também pesam nos negócios com petróleo a notícia quanto ao impasse nas negociações sobre o acordo nuclear do Irã, que poderiam liberar o petróleo iraniano aos mercados globais. “A Rússia fez exigências de última hora aos EUA sobre o acordo nuclear com o Irã, comprometendo o retorno do petróleo iraniano aos mercados”, observou Halley.

Para ele, uma combinação de “fatores tóxicos” no fim de semana induz “compras de pânico” no petróleo, mas diante dos níveis tão “extremos”, ambos os contratos têm o potencial de encenar correções agressivas para baixo, ao primeiro vislumbre de alguma boa notícia. “Não tenho certeza para onde vai o petróleo Brent daqui em diante. Tudo o que sei é que os altos preços vieram para ficar”, finalizou o analista da Oanda.

Os mercados de commodities foram abalados pelo ataque russo à Ucrânia no mês passado. Um ano atrás, um barril de petróleo era cotado ao redor de US$ 60, tendo encerrado 2021 na faixa de US$ 75. No final de fevereiro, antes de a Rússia lançar seu ataque em grande escala à Ucrânia, o preço estava em torno de US$ 92 e subiu cerca de 35% desde então.

Com Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico