Oportunidades na Bolsa: as ações promissoras para ter na carteira em 2022

A IF consultou especialistas sobre os papéis com tendência de valorização ao longo do novo ano

O cenário de inflação alta e elevação da taxa Selic passaram a favorecer as aplicações em renda fixa ao longo de 2021, especialmente os títulos atrelados ao IPCA, e a tendência é que o movimento continue firme em 2022. Por outro lado, quem investe na Bolsa de Valores precisou lidar com as fortes emoções do sobe e desce no mercado de ações no ano que passou e a perspectiva é de muita volatilidade no novo ano, principalmente em razão do processo eleitoral.

“2022 deve ser um ano de extrema cautela. No geral, empresas de setores como varejo, indústria e serviços que estão na Bolsa tendem a sofrer um pouco mais em um ambiente de crescimento econômico baixo, incertezas fiscais e juros muito elevados”, aponta Sérgio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados. “Por outro lado, tendem a ir de forma positiva o setor agropecuário, o financeiro e talvez o de tecnologia, com a vinda do 5G. Então é um mercado que vai ter divisões, com segmentos com capacidade de entregar resultados bons e outros no sentido contário”, acrescenta.

“Teremos a aproximação das eleições que, embora cedo para fazer preço nos mercados, talvez já comece a pesar nas escolhas e decisões do atual governo, pesando mais as medidas que possam agradar determinado grupo de eleitores, do que uma agenda mais responsável que não costuma ser muito popular”, avalia Pedro Serra, gerente de research da Ativa Investimentos. “O investidor que está na Bolsa, que quer enfrentar esse momento de volatilidade de maneira segura, deve buscar empresas com histórico secular, ou seja, menos dependentes do ambiente macro e, claro, que estão entregando bons resultados”, recomenda.

No que investir em 2022?

A Inteligência Financeira consultou especialistas para saber quais são as ações mais promissoras para compor a carteira em 2022:

Petz (PETZ3): “Vemos como avenidas de crescimento para a empresa a dinâmica de abertura de lojas, a pulverização do setor de varejo e veterinário no Brasil, a ‘humanização dos pets’, o maior cuidado com a saúde e estética dos animais e a contínua expansão do digital e da omnicanalidade. Analisando a margem bruta da companhia, devemos continuar visualizando uma pressão por parte da inflação e da maior penetração do digital, mas que deve ser compensada pelo seu mix de vendas”, diz Pedro Serra, da Ativa Investimentos.

Vale (VALE3): “A empresa aparentemente já conseguiu virar a página da questão ESG, a questão de desastres ambientais afetando os resultados. A companhia tem um ano em que parece que já passou o pior momento da interferência do governo chinês sobre o minério de ferro e o governo chinês está dando sinais de que vai aquecer a economia, principalmente no segundo semestre. A Vale está com um plano de investimentos alto para o ano, além de dispensar comentários em termos de administração. A empresa vai conseguir entregar bons resultados a cada trimestre”, diz Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.

Marfrig (MRFG3): “A multinacional brasileira que atua no setor de alimentos e de serviços alimentícios tem apresentado fortes resultados operacionais recentes, diante do forte ciclo positivo do setor de proteína animal no mundo. Destacam-se principalmente as operações americanas da empresa sob a marca National Beef. Nos EUA, há uma boa disponibilidade de gado que, somada à demanda elevada e impulsionada pelos programas de estímulos governamentais, proporcionaram resultados fortes. Além disso, a companhia se insere no mercado de carne vegetal por meio da criação da PlantPlus Foods. Recentemente, a Marfrig também anunciou a aquisição de participação acionária relevante na BRF (BRFS3). A movimentação integra a estratégia de diversificar seus investimentos em segmentos que possuem complementaridade com a sua operação. Por fim, o câmbio está em momento benéfico para as exportações, proporcionando um cenário positivo para a Marfrig nos próximos trimestres”, diz Rafael Panonko, chefe-analista da Toro Investimentos.

Light (LIGT3): “Operando uma das concessões mais complexas do país, o novo management da companhia vem desde o início do ano implantando novidades positivas no âmbito do combate às perdas, seu maior desafio. Ainda assim, os resultados atuais seguem em patamares inferiores aos do período pré-pandemia. Além das perdas, acreditamos que o contexto socioeconômico do estado do Rio de Janeiro, que apresenta menor dinamismo em seu processo de retomada, pode adiar a normalização de indicadores como os de volumes distribuídos, arrecadação e inadimplência, corroborando nosso entendimento sobre a atual existência de players com relações risco x retorno menos assimétricas no setor”, diz Pedro Serra, da Ativa Investimentos.

Rede D’Or (RDOR3): “Tem acertado muito bem nas aquisições. Ela paga bem, o que mostra que tem uma área de fusões e aquisições bem estruturada, bem assessorada. Ela consegue colocar mais leitos trimestre após trimestre para dentro – e consegue ter muita sinergia com toda a expertise que tem dentro de casa. Ela é uma das empresas que mais impressionou os analistas no último ano e imagino que é só o começo. Tem tudo para ser uma das principais empresas brasileiras nos próximos dez, 15 anos. Tem a questão do envelhecimento da população brasileira que naturalmente vai utilizar mais serviços de saúde”, diz Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.

Isa Cteep (TRPL4): “É uma das principais concessionárias privadas do setor de transmissão de energia elétrica do Brasil. A empresa atua com ativos próprios e de subsidiárias/participações em 17 estados. Além disso, possui foco de atuação na região Sudeste, onde existe maior desenvolvimento econômico e contratos de transmissão que a remuneram de forma mais atrativa. No setor elétrico, o segmento de transmissão é pouco impactado pelos riscos hidrológicos e pelas variações de preço. Esse fato leva a uma vantagem comparativa frente às demais, já que atua somente neste segmento. A companhia apresenta um portfólio interessante, com seus ativos distribuídos em várias regiões. Embora seja uma das maiores atuantes no setor, também continua se expandindo, participando ativamente de leilões de transmissão e buscando novas oportunidades de aquisições. Conjuntamente, a empresa segue uma linha de distribuição de dividendos consideravelmente alta e apresenta uma boa governança corporativa”, diz Rafael Panonko, chefe-analista da Toro Investimentos.

Vibra Energia (VBBR3 – antiga BR Distribuidora): “A empresa iniciou um processo de transformação de sua cultura, atuação e propósitos, que promete impactar positivamente as operações. Recentemente, a companhia anunciou duas novidades que comprovam que os rumos trilhados pela Vibra Energia serão diferentes daqueles da BR Distribuidora. A primeira delas diz respeito à criação da ECE, comercializadora de etanol independente, que fomentará sinergias com a sua atuação neste mercado; e a segunda é o acordo de cooperação assinado com a ZEG, cujo objetivo é desenvolver operações no setor de biometano. Enxergamos ainda grande potencial de valor em sua colocação como agente transformacional no processo de evolução da matriz energética brasileira, na sua parceria com as Lojas Americanas e no anunciado programa de recompra de ações”, diz Pedro Serra, da Ativa Investimentos.

Jalles Machado (JALL3): “É uma empresa bem menos negociada que as outras, mas faz sentido também ter na carteira uma empresa do agronegócio. O setor não foi tão bem no último semestre, mas a tendência é que 2022 seja um ano positivo. O agro vai continuar forte, aumentando suas exportações, sendo beneficiado por mudanças na legislação, como o marco das ferrovias, que vai diminuir o custo de frete dos produtos. Isso faz diferença no longo prazo para a companhia, que pode ter números bons e fazer anúncios importantes ao longo de 2022”, diz Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.