Ômicron: conheça o impacto da nova variante nos mercados

Descoberta de nova variante do covid impactou bolsas, dólar e petróleo; a tendência é que a volatividade nos mercados predomine nos próximos dias
Pontos-chave:
  • Variante ômicron e aumento de casos renovam preocupação com retomada da atividade econômica global

Os mercados financeiros reagiram com nervosismo na sexta-feira (26) ao anúncio de uma nova cepa do coronavírus, detectada na África do Sul, chamada de ômicron, classificada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma “variante de preocupação”.

Bolsas caíram ao redor do mundo, fazendo empresas perderem valor de mercado. Já os preços do petróleo tiveram a maior queda diária desde abril de 2020. O dólar também reagiu e teve forte alta, chegando perto de R$ 5,60 no Brasil.

Bolsa de Valores no Brasil

O Ibovespa recuou 3,39%, a 102.224 pontos. Foi a maior queda diária desde 8 de setembro. Na mínima da sessão, chegou a 101.495 pontos.

As ações das companhias aéreas Gol e Azul despencaram mais de 10%, junto com os papéis da operadora de turismo CVC.

Com o resultado de sexta, o Ibovespa recuou 0,79% na semana e acumula queda de 1,23% em novembro. Em 2021, o tombo ainda é de 14,10%.

Dólar

O dólar fechou em alta de 0,54%, cotado a R$ 5,5948. Com o resultado, a moeda norte-americana acumula recuo de 0,93% no mês, mas avanço de 7,86% no ano.

Empresas perdem valor de mercado

As empresas brasileiras perderam R$ 140 bilhões em valor de mercado na sexta-feira (26), segundo levantamento da provedora de informações financeiras Economatica.

A maior perda de valor de mercado foi registrada pela Petrobras (R$ 16,340 bilhões), seguida pela Vale (R$ 9,099 bilhões) e Ambev (R$ 8,498 bilhões).

Em seguida as maiores perdas foram no Bradesco (R$ 7,216 bilhões), Weg (R$ 4,657 bilhões), Itaú (R$ 4,451 bilhões), Magazine Luiza (R$ 4,225 bilhões) e Santander (R$ 3,989 bilhões).

Petróleo

O petróleo Brent caiu 11,6%, para US$ 72,72 o barril, enquanto o petróleo nos EUA fechou em queda de 13,1%, a US$ 68,15 o barril. Foi a maior queda diária desde abril de 2020.

“Mesmo sem restrições drásticas que limitem a propagação do vírus, as pessoas serão mais cautelosas e isso pesará sobre a demanda pelo petróleo bruto, disse à AFP Michael Lynch, presidente da Strategic Energy & Economic Research (SEER).

Bolsas internacionais

As ações despencaram em Wall Street, nos EUA, na sexta-feira, enquanto as ações europeias sofreram o maior movimento de venda em 17 meses.

O índice Dow Jones caiu 2,53%, a 34.899 pontos, enquanto o S&P 500 perdeu 2,27%, a 4.595 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq recuou 2,23%, a 15.492 pontos.

As vendas de ações foram amplas, com grandes quedas em todos os 11 principais setores do S&P, exceto saúde, que caiu apenas ligeiramente graças aos fortes ganhos da Pfizer e Moderna, fabricantes de vacinas contra a Covid-19.

O índice de volatilidade CBOE, popularmente conhecido como o medidor do medo de Wall Street, atingiu seu nível mais alto desde 20 de setembro.

Já na Europa, o índice FTSEurofirst 300 caiu 3,71%, a 1.796 pontos, enquanto o índice pan-europeu STOXX 600 perdeu 3,67%, a 464 pontos – em sua pior sessão desde junho de 2020 -, recuando 4,5% na semana.

A medida de volatilidade para o principal mercado acionário chegou a uma máxima de 10 meses.

“As ações estão reagindo negativamente porque não se sabe nesse momento quanto as vacinas serão efetivas contra a nova cepa, e, portanto, isso aumenta o risco de novos lockdowns”, disse Peter Garnry, chefe de estratégia de ações do Saxo Bank.

Entre os setores, o de viagem e lazer despencou 8,8%, em seu pior dia desde o começo do choque da Covid-19 em março de 2020.

Na Ásia, os mercados refletiram a tendência e Tóquio fechou em baixa queda de 2,53%. Na China, o índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, teve queda de 0,74%, enquanto o índice de Xangai caiu 0,56%.

O que vem pela frente?

Participantes do mercado acham prematuro traçar prognósticos, e veem as próximas semanas como cruciais para ter uma percepção mais clara do que está por vir: se mais um “round” da pandemia entra no radar ou se o movimento de venda generalizada de ativos não passou de um susto.

“Caso se confirme uma variante mais contagiosa, voltamos para o ‘playbook’ de um ano e meio atrás: um movimento de aversão a risco grande, com bolsas para baixo, juros para baixo, inflação para baixo com queda grande de demanda e potencialmente um dólar mais forte globalmente porque as pessoas vão querer segurar uma reserva de valor”, diz Rodrigo Cruz, economista e gestor de moedas e renda fixa da Meraki Capital.

Essa não é ainda a hipótese com que a casa trabalha. O que vai definir se esse vai ser um tema para os próximos dois ou três meses, ou se será esgotado em uma semana, prossegue, é o quão duradouros e incidentes vão ser as políticas de restrição de circulação (“lockdown”), a exemplo do que já se vê na Áustria e com a Alemanha cogitando algo parecido.

Com reportagem do Valor Econômico e g1