NY: Bolsas fecham em alta e quebram sequencia de três semanas de perdas; Nasdaq acumula alta de 7,5%

Ainda que o medo por uma recessão continue presente, o temor vem sendo calibrado, com analistas enxergando exagero nas projeções

Os três principais índices acionários de Wall Street terminaram a sessão com ganhos, encerrando o período de três semanas seguidas de perdas, ao acumular avanço de mais de 5% nos últimos quatro dias. Ainda que o medo por uma recessão continue presente, o temor vem sendo calibrado, com analistas enxergando algum exagero nas projeções e amenizando com a leitura de que, mesmo que ocorra, a retração pode não ter longa duração.

No fim da sessão de hoje, o índice Dow Jones fechou em alta de 2,68%, a 31.500,68 pontos, enquanto o S&P 500 avançou 3,06%, a 3.911,74 pontos, e o Nasdaq subiu 3,34%, a 11.607,62 pontos. Na semana, os três índices cresceram 5,40%, 6,45% e 7,50%, respectivamente.

Dos índices setoriais, o melhor desempenho na sessão desta sexta-feira ficou com o segmento de insumos, com ganhos de 3,98%. Outros dois setores que se destacaram foram o de serviços de comunicação (+3,94%) e financeiro (+3,80%). O que ajudou a impulsionar este último foi a chancela do Federal Reserve (Fed) sobre a saúde das instituições americanas.

Segundo o BC americano, os bancos seriam capazes de continuar emprestando a famílias e empresas mesmo em uma recessão severa. O teste de estresse deste ano mediu a capacidade dos 34 maiores bancos de manter fortes níveis de capital em uma hipotética recessão marcada por desemprego acentuadamente mais alto e um declínio acentuado nos preços das ações.

No fim das negociações as ações do Wells Fargo subiram 7,57%, enquanto as do Goldman Sachs cresceram 5,78%. Os ganhos do segmento também se fizeram em meio ao avanço dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano. Perto das 17h30, o yield da T-note de dez anos operava a 3,133%, de 3,090% do último fechamento. Na semana passada, o yield fechou em 3,236%.

A semana foi marcada por depoimentos do presidente do Fed, Jerome Powell, no Congresso americano. O chefe do BC americano reforçou que a preocupação principal da autoridade monetária é controlar a inflação alta, e não descartou a chance de uma recessão – ainda que tenha dito que acha pouco provável diante do atual cenário econômico.

Para Edward Park, chefe de investimentos da Brooks Macdonald, apesar das palavras fortes, “o investidor simplesmente não acredita que o Fed, ou mesmo outros bancos centrais, poderão continuar a apertar agressivamente a política monetária ao longo de 2023, pois os riscos de recessão fornecerão aos bancos centrais outros problemas para lidar”.

John Higgins, economista-chefe de mercado da Capital Economics, disse que, embora projete que o S&P 500 cairá ainda mais um pouco, acha que “os temores de recessão são exagerados”. “É certo que, com a inflação galopante, isso provavelmente manterá o Fed aumentando as taxas de juros agressivamente, incluindo outro aumento de 0,75 ponto em julho. Mas com a demanda subjacente ainda forte, uma desaceleração no crescimento ainda é o resultado mais provável.”

Após uma amenizada no receio pela recessão, dez dos onze índices setoriais do S&P 500 fecharam a semana em alta. O setor que saiu melhor no acumulado semanal foi o de consumo discricionário, com ganhos de 8,25%. Empresas do setor de turismo se destacaram, com a de cruzeiros Norwegian tendo acumulado ganhos de 15,75%.

Na ponta das perdas, o setor que teve o pior resultado na semana foi o de energia, caindo 1,55%. No período, os contratos de petróleo foram bastante penalizados pelo temor por uma recessão. Ainda assim, os contratos Brent (agosto) fecharam a semana na estabilidade, enquanto o WTI (agosto) terminaram em queda.

No dia, destaque para as ações da FedEx, que subiram 7,16%, depois que os lucros superaram as estimativas. A gigante americana de logística também apresentou previsão mais otimista para o ano.