Multimercados: opção para quem busca diversificação e ganhos acima do CDI

Em outubro, a rentabilidade máxima dos fundos multimercados chegou a 2,04%, segundo dados da Anbima, superior à máxima do retorno obtido pelos de renda fixa, de 1,94%
Pontos-chave:
  • Apesar do cenário pouco promissor, os resultados de 2021 mostraram que os multimercados conseguiram trazer boas surpresas
  • Em outubro, a rentabilidade máxima dessa categoria de fundos chegou a 2,04%, superior à máxima do retorno obtido pelos de renda fixa, de 1,94%
  • Resultados positivos foram, em parte, obtidos com flexibilidade e diversificação de ativos, em muitos casos, alocados no exterior

Os fundos multimercados costumam atrair investidores seduzidos por bons retornos gerados pelas altas volatilidades no mercado financeiro. Com flexibilidade de alocação do capital em diferentes categorias, como ações, renda fixa e moedas, são indicados para quem busca diversificação e ganhos superiores aos do CDI.

Com o aumento da Selic, contudo, que saiu de 2% em janeiro para 7,75% em novembro deste ano – e foi a 9,25% na última reunião do Copom do ano, realizada ontem -, a corrida de investidores em busca de juros em alta levou os multimercados a saldos negativos, chegando a outubro com captação líquida negativa acumulada de R$ 12,5 bilhões, segundo dados da Anbima.

Apesar do cenário pouco promissor, os resultados de 2021 mostraram que os multimercados conseguiram trazer boas surpresas. Em outubro, a rentabilidade máxima dessa categoria de fundos chegou a 2,04%, conforme estatísticas da Anbima, superior à máxima do retorno obtido pelos de renda fixa, de 1,94%.

Resultados positivos foram, em parte, obtidos com flexibilidade e diversificação de ativos, em muitos casos, alocados no exterior. É o caso do fundo da Parcitas Investimentos, com rentabilidade de 9,27%, 247% do CDI, em 12 meses até novembro.

Marcelo Ferman, sócio-fundador e CEO, detalha sua estratégia citando frase de Charlie Munger, sócio de Warren Buffet, sobre a necessidade de pescar em lagos onde há peixe.

“Os multimercados têm que operar em diversos mercados e geografias. Vemos onde estão as oportunidades e investimos onde as achamos. Este ano, o Brasil tem sido um lago difícil demais”, disse, em entrevista ao Valor Econômico, citando incertezas fiscais, pandemia e antecipação turbulenta da corrida eleitoral. Ferman e equipe encontraram seus peixes em equities globais, onde concentraram dois terços do portfólio do fundo.

No Brasil, o fundo manteve posições menos longevas. Com relação ao tema inflação, os gestores operaram de três formas:

  • Apostando na subida de juros no mercado de derivativos;
  • Mantendo em carteira posições para janeiro 2023; com posição vendida na Bolsa brasileira e no câmbio, simultaneamente, visando ganhos obtidos a partir do aperto da política monetária;
  • Com posição em NTN-B, acreditando em alta do IPCA superior ao esperado pelo mercado.

“Essas três posições foram responsáveis pela rentabilidade da parte alocada no Brasil”, diz Ferman. Mas a qualquer momento, o portfólio pode se inverter. “Um multimercado precisa ter flexibilidade de migrar de um mercado para outro”, diz.

Para 2022, projetam continuidade da retirada de estímulo monetário global e aumento de juros dos títulos americanos. No Brasil, avaliam que a definição de investimentos demandará esforço de análise reforçado demais para pouco retorno.

Na Frontier Capital, criada este ano por Rodrigo Fonseca, a estratégia também prioriza diversificação e alocação de risco global, onde estão 40% de seu portfólio. O fundo tem boa parte de sua carteira em ações e a gestão segue modelo idealizado por Ray Dalio, referência em fundos internacionais, dono de mais de US$ 18 bilhões. É dele o conceito de que grandes oscilações de mercado têm duas razões: surpresas do lado do crescimento e da inflação, para o bem ou para o mal. O segredo é equilibrar o portfólio nesses vértices, reduzindo riscos. “Estudamos esse conceito e identificamos uma forma simples de adotá-lo”, diz Fonseca.

Na prática, compraram índice de ações do S&P e bônus de 20 anos a 30 anos no mercado americano, garantindo proteção mútua. “Adotamos um modelo equilibrado para qualquer ambiente. Rodamos o modelo em nossa carteira e ela rendeu, desde 1985, 7,5% acima da renda fixa americana. Decidimos aplicá-lo em 40% de nosso portfólio no exterior”, diz Fonseca.

No Brasil, estão 50% da carteira, em ações de 15 empresas. Apesar das incertezas do cenário, ele mantém a calma. “O Brasil não vai pular do precipício depois das eleições.”

Com reportagem do Valor Econômico