Ibovespa fecha em alta após aprovação da PEC dos Precatórios e dados dos EUA

Cena política brasileira segue no foco dos investidores

O Ibovespa registrou seu segundo pregão consecutivo de alta, com investidores aproveitando nesta sexta-feira (3) a aprovação da PEC dos Precatórios e a consequente queda nas taxas de juros locais.

Agentes também repercutiam dados macroeconômicos locais e internacionais, principalmente o relatório sobre o mercado de trabalho dos Estados Unidos. Os EUA criaram 210 mil vagas de trabalho em novembro, muito abaixo do consenso de 550 mil, segundo o jornal americano The New York Times.

O Ibovespa, principal índice acionário do mercado brasileiro, fechou em alta de 0,58%, aos 105.070 pontos.

A maior alta do índice foi a ação da Meliuz, que disparou 31%, para R$ 3,42 —quanto menor o valor do papel, maior a oscilação em termos percentuais.

Outras empresas cujo desempenho está relacionado à saúde da economia brasileira também tinham altas notáveis: a construtora Cyrela, que subiu 7,41%, a R$ 14,93 cada ação. O atacadista Assaí subiu 6,83%, a R$ 13,30.

Esses ganhos chamam a atenção em um dia em que surgiu mais um sinal de que a economia brasileira está patinando. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou logo cedo que a produção industrial do país recuou 0,6% em outubro, sua quinta retração consecutiva. As retrações recentes significam que, depois de ensaiar uma recuperação quando a vacinação contra a Covid-19 estava se ampliando no país, a indústria brasileira perdeu força. Então, por que os investidores no mercado acionário estão apostando nas ações de empresas ligadas ao mercado consumidor interno?

Se a atividade econômica vai mal, o Banco Central pode evitar aumentar mais ainda a Selic, taxa básica de juros do país, que está em 7,75% ao ano. Existe uma expectativa no mercado de que o BC possa elevar a Selic para 9,25% em sua reunião deste mês, mas, se esse aumento não for tão pronunciado (ou a autoridade monetária indicar que não haverá elevações adicionais), ganham um alívio as empresas que são prejudicadas pelos juros altos – é o caso, claro, das construtoras, que vendem imóveis financiados, e dos shopping centers, que têm lojas que vendem produtos parcelados.

Uma possível explicação para a alta do Ibovespa nesta tarde de sexta é a baixa nos juros futuros. O juros com vencimento em 2023 recuava, por volta das 15h, 2,04%, enquanto o juros com vencimento em 2031 tinha queda de 1,43%. Quando os juros futuros caem, a tendência é que o crédito fique mais barato. Isso favorece o setor de varejo, por exemplo. Quando o juro sobe, o consumidor pensa duas vezes antes de tomar um crédito e isso diminui o consumo, afetando negativamente nos resultados das empresas. Magazine Luiza e Lojas Renner registravam alta na tarde de hoje.