Itaú BBA avalia o que esperar das ações do setor de saúde após negócio entre Rede D’Or e SulAmérica

Maior rede de hospitais do país está perto de consolidar a compra da quarta maior operadora de planos de saúde

O setor de saúde brasileiro está prestes a entrar em um novo capítulo, com a maior rede de hospitais Rede D’Or perto de consolidar a compra da quarta maior operadora de planos de saúde, SulAmérica, destaca o Itaú BBA. Os analistas do banco relatam que, assim como os investidores, também estão com muitas dúvidas sobre potenciais fontes de geração de valor nesta aquisição. “Antes de seguir em frente, reiteramos nossa recomendação de ‘compra’ para RDOR3, com preço-alvo de R$ 45 ao fim de 2022 (ante R$ 65), enquanto rebaixamos Qualicorp de ‘compra’ para neutra (desempenho em linha com a média do mercado), com preço-alvo para QUAL3 passando de R$ 23 para R$ 12 ao fim de 2022”, apontam.

No documento, o Itaú BBA também indica que tem juntado esforços para tentar projetar como será o mercado de saúde privado após essa transação transformacional, bem como os valores. “Tanto a Rede D’Or quanto a SulAmérica foram cautelosas ao prever quaisquer sinergias potenciais nas áreas de receita, custo ou despesa. No entanto, uma coisa as duas empresas foram enfáticas: ambas continuarão funcionando de forma independente, com a Rede D’Or continuando a parceria com outras operadoras de planos de saúde (por exemplo, Bradesco Saúde e Amil) e a SulAmérica retendo outras redes e prestadores hospitalares (por exemplo, a Dasa) em sua base credenciada. Sendo assim, não estimamos uma verticalização da SulAmérica.”

Para melhor posicionar os investidores, os analistas listaram algumas dúvidas sobre os rumos do setor de saúde:

A Rede D’Or usará a SulAmérica para maior expansão geográfica?

“Embora haja uma sobreposição significativa entre as duas partes – ambas têm altas concentrações nas regiões metropolitanas de SP e RJ – acreditamos que a demanda herdada da SulAmérica de sua base de beneficiários garantirá um aumento mais rápido e redução do risco da capacidade substancial de leitos. Já a Rede Do’r espera crescer através de projetos greenfield (locais para novos empreendimentos), brownfield (locais com instalações ociosas com potencial de utilização) e fusões e aquisições.”

A Rede D’Or utilizará os beneficiários da SulAmérica para ampliar sua atuação como fornecedor?

“Em nossa opinião, é provável que a SulAmérica desempenhe um papel importante no plano da Rede D’Or de expandir seus serviços ambulatoriais e diagnósticos, aumentando consideravelmente seu mercado endereçável.”

A Rede D’Or impulsionará a estratégia da SulAmérica no segmento de ticket médio?

“Nós não esperamos ver a verticalização da atual base de beneficiários da SulAmérica, mas notamos que a sólida infraestrutura fornecida pela Rede D’Or poderia reforçar os esforços da SulAmérica em aumentar sua participação no segmento de ticket médio com alto potencial de crescimento por meio de uma rede fechada.”

A Bradesco Saúde deixará de ser parceira da Rede D’Or?

“Como operador de um grande número dos melhores hospitais de SP, RJ, PE, BA e DF, a ausência da Rede D’Or de qualquer plano de saúde causaria uma enorme fricção entre as operadoras e seus clientes, o que torna difícil de imaginar a Rede D’Or removendo as redes credenciadas de outros pagadores. Dito isto, é razoável dizer que a Bradesco Saúde poderia estreitar seu relacionamento com fornecedores que concorrer com a Rede D’Or.”

A SulAmérica será mais eficiente em termos de caixa?

“A SulAmérica opera com um montante de caixa em seu balanço necessário para cobrir e garantir seus cuidados de saúde e disposições previdenciárias. Com a Rede D’Or, esperamos ver mais de R$ 1 bilhão em caixa sendo liberado dessas exigências de capital – recursos que poderiam serem usados para alimentar o crescimento inorgânico da Rede D’Or.”

E quanto às sinergias de custos e despesas?

As duas empresas atuam no mesmo setor, mas desempenham papéis muito diferentes. Além disso, a redução da sinistralidade da SulAmérica dentro da base da Rede D’Or deve resultar em receitas mais baixas para a Rede DO’r. Assim, não prevemos sinergias de custos e despesas tanto quanto sinergias gerais e administrativas. Assumindo uma redução de 20% nas despesas gerais e administrativas, vemos um aumento de 6,8% em relação à nossa estimativa de lucro líquido consolidado para 2023.”