Ibovespa emplaca terceira alta consecutiva e fecha aos 110 mil pontos; dólar cai a R$ 4,80

Novas projeções para o PIB mostram expansão da economia entre 1,5% e 2% neste ano

De carona na sessão positiva para ativos de risco ao redor do globo, o Ibovespa emplacou sua terceira alta consecutiva e voltou a fechar um pregão acima dos 110 mil pontos pela primeira vez desde o dia 25 de abril. Após ajustes, o Ibovespa registrou alta de 1,71%, aos 110.345,82 pontos, chegando a tocar 110.680 pontos na máxima intradiária.

As empresas ligadas às commodities e ao setor financeiro seguem impulsionando o índice. Entre as maiores altas da sessão IRB Brasil ON disparou 9,23%, BRF ON ganhou 4,86%, Banco do Brasil ON saltou 4,22% e CSN ON cresceu 3,98%. Na outra ponta, CVC Brasil ON perdeu 3,05%, Qualicorp ON caiu 4,55% e Banco Inter units cedeu 5,16%.

Dólar

Na medida em que o mercado coloca nos preços os indicadores da economia americana abaixo das expectativas, o dólar perde força de forma generalizada e abre espaço para um novo dia de valorização expressiva do real. O sinal da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, de que os juros na zona do euro devem ser elevados na segunda metade do ano ajuda a derrubar o dólar, ao mesmo tempo em que os agentes se mostram atentos ao diferencial de crescimento, na medida em que o otimismo com a atividade econômica no Brasil tem aumentado.

O dólar comercial terminou a sessão negociado a R$ 4,8044 no mercado à vista, em queda de 1,41%.

Após a moeda americana ter subido aos níveis mais altos em 20 anos em relação a uma cesta de outras seis divisas principais, o processo de descompressão de prêmio de risco no câmbio se dá de forma acentuada.

“O excepcionalismo econômico dos Estados Unidos foi afetado nas últimas semanas”, observam os estrategistas de câmbio do Wells Fargo. Eles notam que indicadores econômicos ficaram abaixo das expectativas nos últimos dias, o que gerou uma queda acentuada no índice de surpresa econômica dos EUA em relação a outras economias do G-10.

PIB Brasil: cenário mais otimista

Além disso, cabe apontar que as estimativas de crescimento econômico no Brasil têm sido elevadas nas últimas semanas, ao mesmo tempo em que há um viés de baixa nas projeções para a expansão da economia americana neste ano.

Na primeira reunião privada entre economistas de mercado e diretores do Banco Central, feita para a elaboração do Relatório de Inflação (RI) de junho, houve um consenso quanto a um maior otimismo dos agentes com o crescimento do PIB neste ano. Entre os profissionais que revelaram seus cenários, boa parte mostrou projeções que apontam para uma expansão da economia entre 1,5% e 2% neste ano.

Hoje, os economistas da Itaú Asset Management revelaram, em sua revisão de cenário, uma expectativa de crescimento ainda mais robusta, ao projetarem alta de 1,6% no PIB deste ano, e não mais de 0,8%. Os economistas do Banco do Brasil, por sua vez, elevaram a projeção de crescimento deste ano de 1,3% para 1,5%.

Em relatório enviado a clientes, o estrategista Juan Prada, do Barclays, observa que, na semana passada, o real foi beneficiado pela melhora do sentimento em torno da China e pela ampla fraqueza do dólar. “Permanecemos construtivos, já que o ‘carry’ elevado e os riscos relativamente contidos no curto prazo sustentam a moeda e mantemos nossa recomendação comprada no real por meio de reversões de risco”, escreve o profissional.