Ibovespa tem forte queda pressionado por recuo de ações ligadas a commodities

Ações da Vale caem quase 3%, levando o principal índice da Bolsa a recuar 2%

Enquanto aguardam a “super quarta-feira” para os mercados financeiros, com as decisões do Banco Central e do Federal Reserve (Fed), os investidores seguem reduzindo posições no mercado local de renda variável. Pressionadas pelos sinais de desaceleração no crescimento global, as empresas ligadas a commodities pesam no desempenho do índice nesta segunda-feira.

Perto das 12h20, o Ibovespa operava em queda de 2%, aos 105.617 pontos, perto dos menores patamares observados no dia. No mesmo horário, os índices em Nova York registram leve queda. Dow Jones e S&P 500 caíam cerca de 0,4% cada um e a Nasdaq, 0,2%.

Mesmo após a queda do mês anterior, a demanda dos agentes financeiros por ativos de risco segue frágil. No fim de semana, os PMIs da China caíram para o menor nível desde o início da pandemia, ilustrando claramente a nova rodada de danos dos lockdowns à economia. Os PMIs industriais oficiais e privados da Caixin caíram acentuadamente para 47,4 e 46,0 em abril, de 49,5 e 48,1, respectivamente. Enquanto isso, o PMI oficial de serviços caiu para 41,9 de 48,4 do mês anterior.

Os efeitos da guerra entre a Rússia e a Ucrânia também começaram a aparecer nos índices de atividade econômica da Europa. Houve queda nas vendas no varejo na Alemanha e o PMI da indústria da zona do euro exibiu sua menor leitura em 15 meses.

Neste sentido, as ações de empresas ligadas a materiais básicos têm um novo dia negativo. Vale ON cai 2,73%, enquanto os papéis ON e PN da Petrobras recuam 3% e 2,28%, pressionadas pelo tombo de aproximadamente 2,4% nos preços do petróleo Brent para julho.

“As incertezas em torno do crescimento econômico global, especialmente com os lockdowns na China, levaram os preços das commodities a permanecerem voláteis no último mês. E com isso, o mercado começou a questionar as commodities, impactando o Brasil – abril marcou o primeiro mês de fluxo de capital estrangeiro negativo e, portanto, dando menos suporte para a Bolsa”, afirmam os estrategistas da XP Investimentos.

No mês de abril, houve uma clara redução do apetite estrangeiro pela bolsa local e, até o dia 27, os estrangeiros sacaram R$ 5,325 bilhões do mercado secundário da B3. Mesmo assim, a XP Investimentos ainda se diz confortável com o tema de commodities e manteve seu preço-alvo para o Ibovespa em 130 mil pontos no fim do ano.

Entre os poucos destaques positivos do dia, as ações do Pão de Açúcar ON sobem 6,30%, em movimento de recuperação em relação aos pares do setor e os papéis da JBS ON têm ganhos de 1,74%.

Dentre outras blue chips, Itaú PN recua 0,82%, Bradesco opera estável e os papéis do Banco do Brasil ON recuam 0,72%. Ambev ON perde 0,41%.

Os investidores aguardam a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed) e do Banco Central, na quarta-feira. As apostas em torno da reunião do Fed se consolidaram em torno de uma alta de 0,50 ponto percentual. A dúvida, para muitos investidores, é qual será a sinalização da autoridade monetária para a trajetória futura das taxas de juros no país.

“Há duas questões adicionais que são importantes para alguns investidores antes da reunião de maio. Primeiro, o presidente do Fed de St. Louis, Bullard, levantou recentemente a possibilidade de um aumento futuro de 0,75 ponto percentual, mas vemos essa aceleração no aperto como improvável, especialmente porque vários participantes do Fomc enfatizaram que não veem um aumento de 0,75 ponto como apropriado”, afirma a equipe de economia do Goldman Sachs, liderada por Jan Hatzius.

Em segundo lugar, segundo os profissionais do banco americano, as minutas da reunião do Fomc de março abriram a porta para a venda de títulos lastreados em hipotecas (MBS) durante o processo de redução do balanço patrimonial, “mas nosso melhor palpite é que o comitê não o fará, pois os participantes do FOMC têm uma forte preferência por usar a taxa de política como a principal ferramenta para ajustar a política monetária”, concluem.

No Brasil, há sinais de que o Banco Central pode precisar estender seu ciclo de alta de juros. “Não se descarta a hipótese de que a Selic siga subindo, podendo chegar mesmo a 14% ao ano. Há argumentos fortes tanto contra quanto a favor dessa afirmação. Os argumentos a favor são de que a inflação segue alta, acima de dois dígitos. Os argumentos contrários chamam a atenção para o fato de que tanto o IPCA-15 quanto o IGP-M de abril, embora elevados, desaceleraram na comparação com os índices do mês anterior. Ou seja, será uma semana de muita especulação e expectativas”, dizem os estrategistas da Levante Ideia de Investimentos.