Dólar opera com instabilidade em dia de baixa liquidez; BC faz nova intervenção no mercado

Real voltou a se destacar entre os piores desempenhos do dia

O dólar opera com instabilidade nesta quinta-feira (23) em dia de baixa liquidez. Os investidores avaliam dados econômicos dos EUA e o cenário doméstico à medida que o ano eleitoral se aproxima.

Às 14h21, a moeda norte-americana avançava 0,05%, cotada a R$ 5,6696.

Ainda que o período mais intenso de remessas de lucros e dividendos ao exterior esteja próximo do fim, o dólar abandonou o alívio observado ontem e voltou a subir com força.

Ao descolar dos pares emergentes, o BC voltou a ofertar moeda estrangeira no mercado à vista em leilão extraordinário anunciado no começo da tarde, no qual foram aceitas três ofertas no valor total de US$ 190 milhões.

Deu apoio à valorização do dólar números mais fortes que o esperado da atividade nos Estados Unidos. “Os dados divulgados hoje sustentam nossa visão de que a economia estava funcionando a todo vapor no quarto trimestre, que, provavelmente, será o trimestre mais forte do ano. A má notícia é que grande parte da fraqueza associada à disseminação da variante ômicron ainda está à nossa frente. Parte da fraqueza pode aparecer nos dados de dezembro, mas a maior parte aparecerá como eventos cancelados, viagens e menos gastos com serviços em janeiro”, avalia a economista-chefe da Grant Thornton, Diane Swonk.

Além dos dados de atividade, também chamou a atenção dos agentes o núcleo do índice de preços de gastos com consumo (PCE) dos EUA ter ficado acima das expectativas do mercado, ao subir 0,5% em novembro contra uma estimativa de 0,4% do consenso. “A alta de preços foi mais ampla, o que levanta bandeiras vermelhas no Federal Reserve, o banco central dos EUA. O consenso entre os membros do Fed é de que as variantes são mais prejudiciais às cadeias de suprimento, incluindo a mão de obra, do que à demanda e, portanto, mais inflacionárias”, observa Swonk.

O índice PCE é a medida preferida do Fed para acompanhar a evolução da inflação no país, que em 12 meses segue acima da meta do Fed e levou o banco central norte-americano recentemente a indicar alta da taxa de juros em 2022. Juros mais altos nos EUA criam reveses a mercados emergentes, que podem perder fluxos de recursos para a segurança dos mercados norte-americanos, o que por sua vez tende a valorizar o dólar.

Nesse contexto, o dólar voltou a subir nesta quinta-feira, deixando de lado fatores como o Caged acima das expectativas do mercado e o IPCA-15 de dezembro, divulgados esta manhã, que mostrou variação  de 0,78% em dezembro, uma desaceleração de 0,39 ponto percentual frente a taxa de novembro (1,17%). Com isso, a prévia da inflação oficial do país fechou 2021 em 10,42%, maior valor acumulado desde 2015 (10,71%).