Citi: nova troca cria riscos na estratégia de longo prazo da Petrobras

Banco destaca em relatório uma 'significativa interferência externa' na empresa

O anúncio de que Caio Mario Paes de Andrade foi indicado para a presidência da Petrobras ocorre apenas 40 dias após a nomeação do presidente anterior, José Mauro Ferreira Coelho, e ressalta a significativa interferência externa à empresa, o que cria riscos em torno de continuidade de sua estratégia de longo prazo, diz o Citi, em relatório.

“Agora, o principal ponto de interrogação é o que pode mudar com o novo diretor-presidente”, escrevem os analistas Gabriel Barra, Andrés Cardona e Joaquim Alves Atie. “Apesar de vermos a mudança como um sinal negativo, a estatal brasileira ainda possui uma governança corporativa forte e leis que protegem o acionista minoritário contra possíveis intervenções externas”, dizem eles.

O Ministério de Minas e Energia do Brasil anunciou ontem a indicação de Paes de Andrade, atual adjunto do ministro Paulo Guedes no Ministério da Economia. Paes de Andrade é formado em Comunicação Social pela Universidade Paulista, atua como conselheiro da PPSA e foi diretor-presidente do Serpro. A indicação deve ser aprovada pelo conselho da Petrobras, no qual o governo tem maioria de votos por ser acionista majoritário.

Segundo os analistas, houve diversas mudanças no alto escalão da administração no passado recente, sendo três no governo atual, com Paes de Andrade se tornando o 41º diretor-presidente da Petrobras. Apesar das mudanças, porém, a empresa manteve sua estratégia de desalavancar seu balanço, alocar capital de forma racional de capital, e manter a política de preços de combustíveis alinhada aos mercados internacionais, dizem os analistas.

“A nosso ver, esse tripé não só cria um ciclo virtuoso para a empresa, mas também mantém o abastecimento de combustíveis fluindo para o mercado interno, na medida em que o Brasil é um país importador líquido de diesel e gasolina”, escrevem eles.

O Citi tem recomendação de compra para os recibos de ações (ADRs) da Petrobras negociadas na Bolsa de Nova York, com preço-alvo de US$ 16,10, abaixo do o fechamento de ontem de US$ 16,26.