Bolsas europeias operam em leve queda diante de temor de inflação alta

Disparada dos preços deve levar a elevação dos juros pelos bancos centrais

Os principais índices acionários europeus operam em leve queda na manhã desta quarta-feira em meio à preocupação do investidor acerca da inflação alta e da resposta que as autoridades monetárias devem dar a tal elevação de preços. Hoje a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) do Reino Unido marcou a sessão. Mais sinais de esfriamento da economia chinesa ajudam a manter no horizonte o temor por uma desaceleração econômica global.

Às 8h30, o índice pan-europeu Stoxx 600 operava em queda de 0,37%, a 437,33 pontos. Entre as bolsas, a de Londres recuava 0,17%, enquanto a de Frankfurt perdia 0,15% e a de Paris recuava 0,16%. Já a bolsa de Milão seguia na estabilidade, enquanto Madri avançava 0,39%.

Os índices futuros de Nova York também ajudam a manter um certo pessimismo na sessão. O futuro do Dow Jones, no horário mencionado, recuava 0,57%, enquanto o do S&P 500 perdia 0,73% e o do Nasdaq caía 1,04%.

Os índices acionários caíram em grande parte nas últimas semanas, à medida que os investidores contemplavam as perspectivas econômicas globais, os planos dos bancos centrais para domar a inflação, as tensões geopolíticas e a estratégia de zero covid da China. A culminação de fatores impulsionou a volatilidade nos mercados.

A principal preocupação, porém, é a inflação de décadas nos EUA, o quanto os formuladores de políticas estão dispostos a apertar as condições financeiras para subjugá-la e o que isso significa para o crescimento econômico. O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, disse na terça-feira que a determinação do banco central em combater a inflação não deve ser questionada, mesmo que exija aumentar o desemprego.

“Nossa expectativa é que o crescimento [econômico] comece a desacelerar nos próximos meses”, disse Salman Ahmed, chefe global de macro da Fidelity International. “O próximo passo para o Fed será focar no choque do crescimento.”

Na Europa não é diferente. Hoje os dados do CPI do Reino Unido mostraram um avanço de 9% em abril, uma forte aceleração após o indicador registrar crescimento de 7% na leitura de março. Conforme pontua Michael Hewson, analista-chefe do CMC Markets, mesmo admitindo as tentativas bastante desajeitadas do governador do Banco da Inglaterra 9boE, na sigla em inglês), Andrew Bailey, de advertir contra um aumento acentuado dos salários, os mercados agora estão precificando que o BoE terá que aumentar as taxas muito mais rápido do que gostaria. “[Ele] luta com o dilema de permitir que a inflação desacelere a economia ou aumente as taxas muito mais rapidamente para ajudar a controlá-la mais rapidamente.”

Uma nova leitura do CPI da zona do euro referente ao mês de abril foi divulgada hoje, e o indicador fechou em alta de 7,4%, enquanto o esperado era que crescesse 7,5%. Assim como no Reino Unido (e em boa parte do planeta), o maior peso veio do segmento de energia.