Bolsas de NY recuam mais de 3% com S&P 500 ameaçando entrar em ‘bear market’

A disparada dos preços nos EUA alimenta os temores de uma aceleração da alta dos juros pelo Fed

Os índices acionários de Nova York operam em forte queda na abertura da semana, novamente pressionados pelo avanço dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano (Treasuries), após a divulgação de dados de inflação mais altos do que o esperado na semana passada elevarem os temores sobre o aperto monetário do Federal Reserve (Fed, o BC americano).

Às 11h15, o Dow Jones operava em queda de 2,36%, a 30,647,17 pontos, enquanto o Nasdaq cai 3,82%, a 10.908,89 pontos, liderando as perdas entre os índices americanos. O S&P 500 recua 3,13%, a 3.778,89 pontos, e, caso ele feche neste nível, ele entrará em “bear market” – um nível técnico que indica tendência negativa, marcado por uma queda de 20% em relação ao pico recente – pela primeira vez desde 2020.

Os rendimentos dos Treasuries continuam a subir nesta segunda-feira, após os dados de inflação nos EUA surpreenderem na semana passada com uma alta de 8,6% em maio, na comparação com o mesmo mês do ano passado, contrariando a expectativa, de leitura estável a 8,3%. O rendimento do papel de dez anos sobe a 3,279%, de 3,163% do fechamento anterior, subindo a uma nova máxima de 11 anos.

A disparada dos preços alimenta os temores de uma aceleração da alta dos juros o Fed, que se reúne entre amanhã e quarta-feira para decidir o próximo movimento da política monetária americana. Embora o BC americano tenha sinalizado claramente uma alta de 0,5 ponto percentual na reunião desta quarta-feira, a probabilidade implícita nos futuros dos Fed Funds já indica uma aposta majoritária de alta de 0,75 ponto na reunião de julho. De acordo com dados do CME Group, as apostas em pelo menos uma elevação de 0,75 ponto até julho subiu para 68,6%, de 14,9% há uma semana.

As ações do setor de tecnologia, especialmente sensíveis à política monetária do Fed e a altas nos rendimentos dos Treasuries, operam em queda de 2,57% no S&P 500 e derrubam o Nasdaq. As maiores quedas, porém, são dos setores de energia, que caem 4,67%, acompanhando quedas nos preços do petróleo, e de consumo discricionário, que recuam 3,57% em meio aos temores de que a inflação prejudique ainda mais a lucratividade do setor de varejo.

Além da disparada dos rendimentos dos Treasuries, hoje o dólar também dispara, com o índice dólar DXY se aproximando de seu maior patamar em quase 20 anos, em alta de 2,52%, a 104,901 pontos.

As ações da Tesla operam em queda de 6,53%, apesar de o canadense RBC Capital Markets atualizar sua postura de investimento na empresa de Elon Musk e dizer que de médio a longo prazo, é “cada vez mais favorável ao posicionamento da Tesla na indústria”. Já as ações da Amazon perdem 5,13%, após informações de que a varejista pretende limitar o uso de dados de vendedores e aumentar a visibilidade de rivais em sua plataforma, de olho nos reguladores antitruste da União Europeia.