Bolsas da Europa fecham com viés negativo, acompanhando piora do humor em NY

Investidores refletem a alta de juros nos EUA

As bolsas europeias apagaram os ganhos vistos mais cedo e fecharam em queda, acompanhando uma piora do humor em Wall Street, com os índices acionários americanos mais do que revertendo os ganhos da sessão anterior, quando foram impulsionados pelos comentários do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell.

Após ajustes, o índice Stoxx Europe 600 fechou em queda de 0,70%, a 438,26 pontos. O DAX, índice de referência da bolsa de Frankfurt, caiu 0,49%, a 13.902,52 pontos, e o CAC 40, de Paris, recuou 0,43%, a 6.368,40 pontos, enquanto o FTSE 100, de Londres, subiu 0,13%, a 7.503,27 pontos, na contramão de seus pares. Em Milão, o FTSE MIB caiu 0,60%, a 23.759,71 pontos, e o Ibex 35, de Madri, recuou 0,77%, a 8.434,70 pontos.

Os índices europeus operavam em alta mais cedo, antes da abertura do pregão em Nova York, mas viraram para terreno negativo posteriormente, acompanhando a piora do humor em Wall Street, conforme os investidores reavaliam as perspectivas para a política monetária do Fed.

Ontem, as bolsas americanas fecharam com ganhos em torno dos 3%, depois dos comentários de Powell, que disse que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) não está considerando “ativamente” acelerar a elevação dos juros com um movimento de 0,75 ponto percentual na próxima reunião, de junho.

Além dos comentários, o Fed elevou a meta de juros em 0,5 ponto percentual e anunciou o começo da redução do seu balanço de ativos para o dia 1º de junho, com volume inicial máximo de US$ 47,5 bilhões em títulos hipotecários e do Tesouro (Treasuries), subindo até o volume final de US$ 95,5 bilhões ao longo de três meses. Ambos os anúncios eram amplamente esperados e não surpreenderam os investidores.

Hoje foi a vez do Banco da Inglaterra (BoE) de elevar suas taxas de juros. O BC britânico fez seu quarto aumento seguido nos juros, elevando as taxas para 1%, de 0,75%. Na divulgação da decisão, chamou a atenção que três dos nove integrantes do Comitê de Política Monetária (MPC, na sigla em inglês) votaram a favor de um aumento de 0,5, em vez de 0,25 ponto percentual. Também merece destaque a mudança da projeção de crescimento para a economia do Reino Unido em 2023, que saiu de uma alta de 1,25%, para um recuo 0,25%.

Em relação aos dados econômicos, os pedidos à indústria alemã recuaram 4,7% em abril ante março, segundo divulgou o Destatis. Para Marco Wagner, economista sênior do Commerzbank, a insegurança gerada pela guerra na Ucrânia deve ter a maior responsabilidade pela retração. Para ele, porém, as empresas ainda não precisam se preocupar com os recentes pedidos mais fracos. “A carteira de pedidos ainda é boa. Porque no último ano e meio, as empresas produziram significativamente menos do que o esperado devido aos pedidos recebidos (gráfico). Mas o fluxo de novos pedidos provavelmente diminuirá gradualmente.”

Já a produção industrial da França, que compreende a manufatura e os setores de energia e de construção civil, recuou 0,5% no mês de março, na comparação com fevereiro, desacelerando a perda, após uma retração de 1,2% na leitura anterior.

O índice PMI de serviços, por sua vez, caiu para 58,9 em abril, ante a última leitura, de 62,6 pontos. Na avaliação de Andrew Harker, diretor de Economia da S&P Global, que compila a pesquisa, os problemas da crise do custo de vida e da guerra na Ucrânia começaram a impactar o setor de serviços do Reino Unido em abril, como evidenciado por uma forte desaceleração no crescimento de novos pedidos para o menor patamar do ano até agora. “É preocupante que as empresas pareçam esperar que os impactos sejam prolongados, com a confiança dos negócios caindo para o nível mais baixo em um ano e meio.”