Os melhores investimentos atrelados à taxa DI para todo investidor

Veja quais são as alternativas para o curto e o longo prazos

Com a taxa Selic a 13,75% ao ano e inflação acumulada de 5,13% nos últimos 12 meses, a taxa DI, ligada aos empréstimos de depósitos interbancários, continua atraente.

Especialistas entrevistados pela Inteligência Financeira apontam que os ativos ligados à taxa vão continuar estáveis no curto a médio prazo, mantendo um rendimento estável dentro dos títulos pós-fixados e ganhando lugar de destaque.

Estrategistas, analistas e investidores recomendam que o interessado em investimentos fique atento aos CDBs, CRIs e CRAs, atrelados ao DI, entre outros títulos. A IF destacou os melhores investimentos ligados à taxa DI que variam de acordo com o seu perfil de investidor.

O que é a Taxa DI?

Como dito anteriormente, a taxa DI é calculada pela forma em que bancos realizam depósitos entre si. A métrica é calculada a partir da emissão do CDI, um certificado que apenas bancos podem comprar.

Ao emprestarem CDIs, os bancos tomadores pagam juros atrelados àquele empréstimo a quem emitiu o certificado. A taxa DI corresponde à média dos juros dessas operações interbancárias, necessárias para manter o caixa dos bancos no azul.

Taxa DI deve continuar alta, diz especialista

Com a taxa DI estacionada a 13,65% ano ano, apenas 0,1 ponto percentual abaixo da Selic (13,75%), os títulos com rendimento prefixados perdem espaço no mercado, apesar de serem uma alternativa viável.

Mas vale mais a pena para o investidor seguir em frente com títulos pós-fixados pela perspectiva de longo prazo da economia brasileira. Isto porque o investidor pode perder dinheiro com a oscilação positiva da taxa DI ao alocar em um Tesouro Prefixado, por exemplo.

Ian Lima, gestor de renda fixa da Porto Investimentos, explica que hoje, a tendência é de que a taxa DI se mantenha estável por mais tempo do que o esperado pelo mercado após a eleição de Lula. A indefinição de um novo arcabouço fiscal — prioridade do governo para 2023 — vem prejudicando o esforço do BC de diminuir os juros. Portanto, assim como a Selic, a inflação tamv correm o risco de sofrerem altas no próximo ano.

Para que a taxa DI caia, diz o especialista, a proporção da dívida em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil precisa seguir uma trajetória de queda. “Um governo de esquerda historicamente é menos reformista e costuma gastar mais. Então as taxas de juros — e a taxa DI — não têm, por enquanto, um viés de queda”, diz Lima, ressaltando que a Selic pode sofrer alta até 15%.

Conforme os juros, a taxa DI também pode varia. “Quando olhamos a taxa do DI chegou a operar 11,40%. Agora está a 13,65% e chegou a bater 14% agora em novembro”, afirma Lima.

Como aproveitar a alta taxa DI?

Ian Lima destaca que aproveitar o timing de altas nas taxas de juros e DI são essenciais para surfar nos investimentos pós-fixados. Ele recomenda que o investidor procure fundos DI com analistas especializados na taxa, capazes de aumentar ou zerar a posição em caso de oscilações.

Ricardo Teófilo, head de produtos de renda fixa da Órama Investimentos, ressalta que é uma boa ideia estudar a taxa DI. Cada investidor também deve observar a duration — prazo do investimento — liquidez e riscos do crédito.

Para o investidor conservador

Para Teófilo, o investidor mais conservador pode montar uma carteira focada investimentos atrelados à DI com rendimento e liquidez. O portfólio recomendado pelo especialista envolve produtos como o CDB, CRIs e CRAs com risco dConservador, moderado ou arrojado: como descobrir seu perfil de investidor?e crédito dentro do limite do FGC (Fundo Garantidor de Crédito). “Com papéis de instituições robustas mas com diversidade quanto ao rendimento sobre a taxa DI. O investidor pode limitar os investimentos a R$ 250 mil em 4 instituições por CPF. Há uma boa margem de R$ 1 milhão para ele.”

Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management enumerou três investimentos indicados para quem quer aproveitar a taxa DI sem muito estresse:

  1. Tesouro Selic;
  2. CDBs, LCIs e LCAs de grandes bancos;
  3. Fundos Referenciados: Riza Lotus RF DI, BNP Paribas Match DI RF CP

Para o investidor moderado

O investidor moderado e com apetite para um pouco mais de risco pode procurar alguns fundos de renda fixa para investir, diz Ian Lima, da Porto. Claro, ele pode aumentar sua posição investida nos títulos para procurar aquela ‘gordura’ dos aumentos da taxa DI.

“Cabe ajuste no sizing de posição, com alocação de uma renda maior ainda em títulos com premium maior: CRIs, CRAs e debêntures com CDIs incentivados”, aponta Teófilo.

Quanto a esse perfil de investidor, diz Fabrício Gonçalves, a estratégia é de alocar capital em fundos de investimento pós-fixados que investem no crédito privado. “Por investirem parte de seu patrimônio em títulos privados, conseguem puxar a rentabilidade ainda mais para cima”, diz Gonçalves. Eis a lista elaborada por ele para aproveitar mais ativos ligados à taxa DI:

  1. CDB/LCI/LCA com menor rating para maior prêmio de risco (Foco em FGC)
  2. Fundos pós de Crédito Privado: CA Indosuez CP, CA Indosuez Grand Vitesse CP, AZ Quest Luce CP.
  3. Crédito Privado (CRA, CRI, Debênture) de prazo mais curto e bom emissor.

Para o investidor sofisticado (ou arrojado)

O investidor que entende melhor e estudou a taxa DI sabe que os pós-fixados mais arriscados podem aumentar a renda passiva ganha pela atrativa renda fixa. Nesses casos, a pessoa mais experiente no mundo dos investimentos pode preferir um fundo com participação mais ativa na hora da taxa DI subir ou descer. São opções mais arriscadas, diz Fabrício Gonçalvez, mas com retorno maior.

Assim como o investidor pode delegar capital aos fundos, ele também pode entrar no mercado de títulos futuros do Ibovespa (BM&F) e investir no mercado de DI futuro, ou juros futuros. O especialista deu três principais opções:

  1. Crédito Privado (CRAs, CRIs e debêntures) de maior prazo e/ou com menor rating;
  2. Fundos de Renda Fixa Ativo: Novus Renda Fixa Exclusive, Vinland Renda Fixa Ativo;
  3. Investimento em DI via juros futuros (BM&F).

Perspectiva para 2023

A eleição de Lula traz novos desafios para a economia do Brasil. Enquanto o novo governo deve aumentar os gastos por meio da injeção de mais dinheiro na economia por meio do aumento do Bolsa Família para R$ 600, o Banco Central já disse que pode aumentar o juros caso entenda que a inflação ainda tem um teto a ser atingido. Com mais dinheiro distribuído em programas sociais, o BC pode delongar ainda mais a queda da Selic

A relação entre o BC e o governo será uma medida de forças na qual o investidor deve prestar atenção. “O balanço das forças talvez obrigue o BC a fazer cortes menores, mas pro final do 3º trimestre para o 4º trimestre, ante previsão de outubro deste ano de que o corte viria no 2º trimestre”, diz Ian Lima. É uma boa notícia para quem investe em ativos atrelados à Selic ou à taxa DI.