IF Hoje: Resultado da Pesquisa Datafolha alimenta preocupação dos investidores com risco fiscal

Mercado teme que presidente Jair Bolsonaro (PL), em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto para a eleição de 2022, lance mais benefícios sociais, ampliando os gastos do governo

A mais recente edição da pesquisa Datafolha de intenções de voto para a eleição de 2022 nem tinha saído ainda e o meme começou a pipocar nas redes sociais.

A sondagem, divulgada no começo da noite de quinta-feira (18), apontou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem a preferência de 47% dos eleitores, e o incumbente, Jair Bolsonaro (PL), 32%. Contando apenas os votos válidos (sem nulos, brancos e indecisos), Lula tem 51%, o que deixa a possibilidade de vitória no primeiro turno dentro da margem de erro; Bolsonaro tem 35% dos votos válidos, e Ciro, 8%.

A pesquisa mostra que Lula vai melhor entre os mais pobres, os que se declaram pretos, e os que vivem na região Nordeste. Já Bolsonaro tem melhor desempenho entre os mais ricos, os brancos, os evangélicos e os que vivem na região Norte. Para os analistas políticos, esses dados indicam que a concessão do Auxílio Brasil de R$ 600 não afetou a disposição dos mais pobres de votar em Lula, mas que a redução dos preços dos combustíveis provavelmente animou um pouco a faixa da população que tem veículos a escolher Bolsonaro.

Nesse cenário, o mercado financeiro fica preocupado com a possibilidade de Bolsonaro conceder ainda mais benefícios sociais para tentar se reeleger. Em julho, o governo aprovou a chamada “PEC das bondades”, que incluiu o aumento do Auxílio Brasil e ajuda financeira para caminhoneiros e taxistas, com custo total estimado em cerca de R$ 41 bilhões. Expandir ainda mais os gastos aumentaria a pressão sobre a inflação, poderia levar a um aumento de impostos, e prejudicaria a credibilidade do país perante seus credores, que pediriam cada vez mais juros para emprestar ao governo federal. (Se investe no Tesouro Direto, você é um desses credores.)

Também existe uma ponta de desconfiança em relação à ingerência de Bolsonaro sobre a política de preços da Petrobras. Desde 18 de julho, a companhia cortou a gasolina por três vezes, somando 13%. No mesmo período, o petróleo caiu 11,6% no mercado internacional e a ação preferencial (PETR4) da companhia avançou 44,3%. Após a última redução, Bolsonaro repetiu a promessa de ter uma das gasolinas mais baratas do mundo no Brasil.

Como afeta os investimentos?

Com uma eventual alta da inflação e dos juros, as aplicações de renda fixa são beneficiadas, especialmente as que têm rendimentos atrelados ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) e à taxa básica Selic.

A Bolsa de Valores de forma geral fica menos atraente. Empresas que dependem do consumo doméstico, como as varejistas, tendem a sofrer mais.