Guerra na Ucrânia é a principal preocupação da semana

Tragédia humanitária se aprofunda, e consequências econômicas devem começar a aparecer

O respeitado jornalista americano Thomas Friedman comentou em sua coluna no “The New York Times” que em toda crise se repete o clichê “o mundo nunca mais será o mesmo”, porém, na maior parte das ocasiões, trata-se apenas de uma hipérbole vazia. Não agora. Pela primeira vez, uma tomada de território por uma superpotência vai se desenrolar sob as atentas câmeras dos telefones celulares e será exposta quase em tempo real para todo o mundo acompanhar.

A tragédia humanitária já é enorme. Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), ao menos 64 civis morreram e 240 ficaram feriados nos quatro dias de guerra. Cerca de 368 mil refugiados saíram da Ucrânia, sendo que 156 mil cruzaram a fronteira da Polônia. O número de refugiados pode chegar a 4 milhões, dependendo da duração do conflito.

Os efeitos econômicos de um conflito sem precedentes também podem ser desastrosos. Nunca antes bancos de países do porte da Rússia foram bloqueados no sistema internacional de transferências Swift. Nem um banco central tão grande teve seus ativos no exterior bloqueados. As consequências desse travamento ainda estão sendo mapeadas por governos, empresas, investidores e estudiosos.

Quais serão os efeitos colaterais para todas as demais instituições financeiras que estão conectadas pelo Swift? Como exportadores e importadores da Rússia vão receber e pagar parceiros comerciais no exterior? O que vai acontecer com as subsidiárias de empresas estrangeiras em território russo e ucraniano? Os países que compram trigo e milho da Rússia terão condições de substituir esses produtos? A Alemanha, mais importante economia da Europa, dependente do fornecimento de gás natural russo, vai parar? Quantos trabalhadores perderão o emprego e ficarão sem condições de sustentar suas famílias? Essas perguntas serão respondidas ao longo dos próximos dias.

A orientação dos gestores de investimentos mais experientes tem sido: calma. A incerteza é muito grande. Nesses momentos, a emoção é má conselheira. É melhor esperar um pouco a definição do cemário antes de mudar a estratégia de alocação. Mesmo assim, é muito provável que se veja, nesta semana, o aumento da aversão ao risco, que deve se traduzir em alta do petróleo (com expectativa de avanço da inflação) e valorização de ativos tidos como mais seguros, como o ouro e os títulos do Tesouro norte-americano, em detrimento da renda variável.

AGENDA ECONÔMICA

Segunda-feira (28/2)

  • Mercado brasileiro fechado: Carnaval

Terça-feira (1/03)

  • Mercado brasileiro fechado: Carnaval
  • 12h – EUA: Índice PMI industrial, da consultoria Markit

Quarta-feira (2/03)

  • Mercado brasileiro funciona a partir das 13h: Quarta-Feira de Cinzas
  • 14h: Boletim Focus, do Banco Central

Quinta-feira (3/03)

  • 10h: PMI industrial, da consultoria Markit
  • 10h30 – EUA: Pedidos de seguro-desemprego
  • 11h45 – EUA: PMI do setor de serviços
  • 12h – EUA: Depoimento de Jerome Powell, presidente do Fed (o banco central americano), no Senado

Sexta-feira (4/03)

  • 9h: PIB trimestral, do IBGE
  • 10h30 – EUA: Pedidos de seguro-desemprego e taxa de desemprego