Suno, Nord, Eleven e Levante: veja o que dizem os analistas sobre a participação na oferta da Eletrobras

A Eletrobras faz nesta semana a maior oferta de ações desde a capitalização da Petrobras em 2010

A Eletrobras realiza nesta semana a maior oferta de ações no mercado brasileiro desde a capitalização da Petrobras em 2010. A opinião de casas de análise independentes é de recomendar a participação dos investidores no processo, pois traz oportunidades interessantes para os próximos anos.

A privatização da maior companhia do setor elétrico brasileiro é um processo complexo e que se arrasta desde 2017. Os analistas apontam que por conta da sensibilidade do tema, a passagem da empresa ao controle privado difere de outras desestatizações e traz pontos que chamam atenção.

A Eleven Financial aponta que a destinação dos recursos da oferta da Eletrobras é bastante diferente de outras empresas, que levantam capital para realizar investimentos, aquisições ou melhora na estrutura de capital. A estatal vai usar o dinheiro para pagamento de bônus de outorga para mudança de regime nas usinas.

“Ainda que o processo tenha mais riscos e incertezas do que uma privatização tradicional, encontramos no patamar atual de preço um upside interessante quando avaliamos a Eletrobras com múltiplos de empresas privadas”, comentam os analistas Alexandre Kogake e Gabriel Schiavenato.

Eles destacam que a privatização vai trazer melhor alocação de capital e ganhos de eficiência, mas que o processo traz riscos pela criação de obrigações de R$ 43,6 bilhões relacionados a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).

A Suno considera positivo o fato de uma limitação de 10% na representação dos votos para qualquer participação acionária acumulada, prevenindo que a União, que vai deter cerca de 45% do capital da Eletrobras após a capitalização, continue exercendo influência excessiva, apesar de manter a “golden share”.

Os analistas apontam que a companhia vai perder 17,8% da sua capacidade de geração de energia, em decorrência da segregação da Itaipu Binacional e da Eletronuclear, mas em contrapartida, poderá renovar contratos de concessão de 30 anos para usinas que representam 52% da capacidade atual.

“Haverá uma maior otimização de custos e despesas, além de melhorias e otimização da estrutura de capital e da eficiência fiscal”, comentam. A Suno acredita que mesmo que a Eletrobras permaneça como uma das empresas elétricas mais ineficientes do Brasil, as economias anuais podem chegar a R$ 1,5 bilhão por ano só com a desestatização.

A passagem do controle da Eletrobras para a iniciativa privada é um ponto positivo interessante, diz a Levante, pois dará à empresa um grupo de controle formado por investidores estrangeiros, fundos e operadores do setor elétrico com objetivos de longo prazo.

Os analistas Flávio Conde e Cauê Ribeiro escrevem que apesar de a privatização trazer otimização de custos e despesas, causando aumento do Ebitda, lucro e dividendos, muito da expansão de múltiplos já foi antecipado por investidores, reduzindo a diferença para empresas privadas.

“Eletrobras está mais cara do que Ibovespa, Petrobras e Vale porque ações já subiram de R$ 28,41 para R$ 43, entre o início do processo de privatização, em fevereiro de 2021, e hoje”, ponderam. A casa destaca também que a Eletrobras tem um retorno sobre patrimônio líquido bem menor que Vale e Petrobras, pagando menos dividendos.

Um ponto pacífico entre os analistas é que a utilização do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para participar da oferta de ações da Eletrobras, com o processo garantindo que trabalhadores utilizem até 50% dos seus recursos no processo, é positivo, pois mesmo com toda a complexidade, vai resultar em ganhos maiores.

“A longo prazo, os resultados de Eletrobras deverão ser crescentes e puxarão as ações da companhia bem acima do rendimento do FGTS”, diz a Nord Research. O analista Bruce Barbosa escreve que valorização semelhante aconteceu nos processos de capitalização da Petrobras e privatização da Vale, que se utilizou do mecanismo.

No entanto, participar diretamente da oferta, sem utilização do FGTS, é algo que a Nord não recomenda. “A Eletrobras é melhor que os 3% ao ano de rendimento do FGTS, mas não é melhor que diversas ótimas empresas que podemos adquirir na bolsa”, comenta. A falta de crescimento de resultados é um problema da companhia, aponta Barbosa.