Será que os óculos de ‘realidade aumentada’ agora decolam?

Os produtos da Snap são os primeiros de vários novos headsets, como os da Apple, Meta e Google

Entre nos escritórios da Snap e você poderá ver algumas coisas curiosas. Borboletas esvoaçando pelo saguão. Zumbis na cantina. O sistema solar inteiro no terraço. A Snap, que começou sua vida como o aplicativo de mensagens fotográficas Snapchat, foi pioneira em “realidade aumentada”. Mas em vez de olhar através de um aplicativo de smartphone para ver esses efeitos, eu os vi através do que quase pareceram óculos normais.

Os mais novos “óculos” da Snap, chamados Spectacles, não estão amplamente disponíveis, mas na demonstração que eu tive eles me pareceram promissores. Quando estendi a mão, uma borboleta pareceu pousar nela. Cliquei um botão na armação dos óculos, e as lentes me disseram o que eu estava olhando. As imagens eram brilhantes e claras — embora uma grande limitação seja a duração das baterias, de apenas 30 minutos.

Os Spectacles da Snap são os mais recentes de uma longa linhagem de protótipos de headsets intrigantes que experimentei ao longo da última década. Até agora, nenhum deles tornou-se um sucesso. Primeiro, eu tentei uma versão inicial do headset de realidade virtual (RV) Oculus, na feira Consumer Electronics Show de 2014. Ainda é a mais impressionante demonstração de uma nova tecnologia que já experimentei. Eu me senti como se tivesse colocado minha cabeça dentro de um videogame. E não fui o único. Mark Zuckerberg gostou tanto do Oculus que comprou a companhia por US$ 2 bilhões.

Já faz uma década desde que a “realidade virtual” voltou ao léxico, mas a tecnologia fracassou em grande parte em ingressar no mundo normal. Em 2016, o Goldman Sachs previu que haveria quase 100 milhões de headsets de realidade virtual e realidade aumentada (RA) em uso até 2020. O número hoje é estimado em perto de 10 milhões.

Enquanto o fundador do Facebook continua mais apaixonado do que nunca pela RV, eu desisti de esperar que o resto do mundo fique impressionado. Há vários jogos de divertidos, como “Rec Room” e “Beat Saber”. Alguns colegas acreditam nos aplicativos de malhação de RV. Mas apesar dos aperfeiçoamentos de hardware, ainda luto para encontrar motivos para encontrar motivos para ligar meu Oculos.

No entanto, o Vale do Silício está se preparando para outra tentativa de nos convencer de que o futuro da computação está em nossos rostos. Apple, Google e Meta, a controladora do Facebook, estão trabalhando em óculos e headsets de todos os formatos e tamanhos. Os Spectacles da Snap são o prenúncio de vários dispositivos de RA que serão lançados neste ano.

Todos eles enfrentam as mesmas escolhas impossíveis: gráficos melhores significam headsets mais pesados e baterias que duram menos tempo. Comprometa a ótica e a utilidade desaparece.

O que me impressionou na demonstração da Snap foi o quanto os óculos são confortáveis. Eles parecem coisa de ficção científica, mas não são tão volumosos quanto outros headsets de RA, chegando a menos de um quarto do peso do HoloLens 2 da Microsoft.

Recentemente o Google demonstrou óculos igualmente discretos que pareciam mostrar a transcrição e tradução simultânea de um idioma estrangeiro. “Um espécie de legenda para o mundo”, segundo o vídeo promocional. Por outro lado, a Apple e a Meta parecem estar optando pela experiência completa: headsets de RA de alta resolução que se parecem mais com óculos de esqui do que com óculos normais.

Há um argumento de que a primeira demonstração de RV ou RA que uma pessoa tem é boa demais. A primeira vez que você vira a cabeça em RV ou vê hologramas em RA é incrível. Somente em visualizações repetidas você percebe o quanto o hardware é pesado. Os próximos 12 meses poderão determinar se isso simplesmente representa as dores de crescimento de uma nova plataforma ou o epitáfio de uma tecnologia.

Por Tim Bradshaw, Financial Times. Tradução de Mario Zamarian.