Natura (NTCO3) reverte lucro e registra prejuízo de R$ 766 milhões no 2º tri

Empresa diz que resultado reflete uma forte base de comparação

A fabricante de produtos de beleza Natura &Co continuou a ver os indicadores macroeconômicos pressionarem seu desempenho no segundo trimestre.

“Embora esperemos que as receitas de nossos negócios sigam em tendência de melhora no segundo semestre do ano, acreditamos que os desafios no ambiente macro persistirão, e que nossas margens permanecerão sob pressão no curto prazo. Neste contexto, nossa clara e imediata prioridade é focar nas margens e no fluxo de caixa operacional”, diz Fábio Barbosa, presidente da companhia, em sua primeira divulgação de resultados no cargo.

Barbosa assumiu o posto em 15 de junho, após saída de Roberto Marques, que continua no conselho da Natura &Co.

No período, a companhia registrou um prejuízo líquido de R$ 766 milhões, revertendo o lucro líquido de R$ 235 milhões de um ano antes. A receita líquida consolidada foi de R$ 8,7 bilhões, uma alta de 0,4% em moeda constante e queda de 8,6% em reais. O resultado reflete, argumenta a empresa, uma forte base de comparação, já que no segundo trimestre do ano passado a companhia registrou crescimento de vendas de 31,7% em moeda constante e de 36,2% em reais.

A receita líquida de Natura &Co América Latina cresceu 5,6% em moeda constante e 0,4% em reais. A marca Natura registrou crescimento de 14,8% na região em moeda constante e 12,2% em reais. A receita líquida no Brasil cresceu 14,3% no período, apoiada pela aceleração na produtividade das consultoras, que cresceu 17,5% no segundo trimestre. Nos países hispânicos, a receita líquida cresceu 15,5% em moeda constante e 8,8% em reais. O crescimento foi majoritariamente impulsionado pela Argentina e pela Colômbia, compensando a queda registrada no Chile.

A receita da marca Avon caiu 5% em moeda constante e 12,8% em reais. No Brasil, a receita líquida da marca vem melhorando sequencialmente desde o terceiro trimestre de 2021, mas ainda assim caiu 10,7% no segundo trimestre deste ano. Isso ocorreu principalmente em razão de uma queda de 31% nas vendas da categoria Moda e Casa, e houve crescimento de cerca de 5% nas vendas de Beleza no trimestre. Nos mercados hispânicos, a receita líquida caiu 2,8% em moeda constante e 13,9% em reais, também em razão de uma queda nas vendas de Moda e Casa, refletindo também uma forte base de comparação do segundo trimestre de 2021.

A receita líquida da Avon Internacional caiu 11,4% em moeda constante e 25,4% em reais. O desempenho foi impactado principalmente pela guerra na Ucrânia (excluindo Rússia e Ucrânia, as vendas caíram 5,8% em moeda constante), pelos baixos níveis de confiança do consumidor e pela perda de poder de compra das famílias na Europa, bem como por um menor número de representantes, segundo a companhia.

A receita líquida da The Body Shop caiu 11,8% em moeda constante e 25,3% em reais, principalmente impactada pelo reequilíbrio dos canais com as vendas da The Body Shop At Home (canal de venda direta) e do varejo on-line superaram a retomada progressiva do varejo.

A Aesop, no entanto, continua a viver um bom momento. A receita líquida cresceu 24,5% em moeda constante e 5,7% em reais. Todos os mercados entregaram um crescimento de duplo-dígito, liderados por América do Norte e Ásia-Pacífico. A Aesop continua a registrar consistentemente um crescimento de vendas superior ao de outras marcas globais de luxo, melhorando a produtividade geral das lojas.

No texto, Barbosa diz que se concentrou em duas prioridades nesse primeiro momento: redesenhar a estrutura da companhia e melhorar a governança.

“Neste momento, mapeamos economias no nível da holding. Se a companhia tivesse implementado estas mudanças no ano passado, teríamos tido uma redução anualizada de pelo menos 35% em despesas corporativas recorrentes. Outras mudanças e economias previstas serão anunciadas à frente”, diz em texto divulgado pela empresa.

Sobre as mudanças de governança e modo de trabalhar, o executivo diz que a holding ficará “fortemente” concentrada em definir indicadores-chave de desempenho, monitorando e acompanhando o desempenho de marcas mais autônomas, liderando a alocação de recursos dentro do grupo e seguindo os compromissos sociais e de sustentabilidade da companhia para 2030.