Mercado Livre sofre ataque de hackers; e-mail e telefone de 300 mil pessoas foram acessados

Não foi identificada, no entanto, paralisação no funcionamento do site e aplicativos da companhia nos países onde atua

Depois da Renner e da Americanas, agora o Mercado Livre sofreu um ataque de hackers. A empresa relatou a invasão a seus sistemas, e o acesso não autorizado a dados de 300 mil pessoas de sua base total de usuários. Não foi identificada, nos últimos dias, paralisação no funcionamento do site e aplicativos da companhia nos países onde atua. O Mercado Livre não especifica quais foram os países afetados pelo vazamento de dados e a data do ataque.

O Brasil responde por pouco mais da metade das vendas totais transacionadas pela companhia.

O problema foi relatado dias após clientes do Itaú relatarem uma série de falhas nos sistemas da empresa.

No caso do Mercado Livre, a informação foi publicada num formulário (8-K) arquivado na SEC, a agência reguladora do mercado americano, no dia 7 de março, num texto curto, e, desde então, a empresa não deu novas informações a respeito da condução das investigações ao mercado.

O mesmo formulário foi arquivado na página de relações com investidores e é reproduzido na área institucional do seu site.

Procurado, o grupo confirma as informações da nota e diz que os dados expostos foram nome, e-mail e telefone.

No formulário, o Mercado Livre afirma que, recentemente, detectou que parte do código-fonte da empresa foi alvo de acesso não autorizado. “Ativamos nossos protocolos de segurança e estamos realizando uma análise exaustiva. Embora os dados de aproximadamente 300.000 usuários (dos nossos quase 140 milhões de usuários ativos únicos) tenham sido acessados, até o momento e de acordo com nossa análise inicial, não encontramos nenhuma evidência de que nossos sistemas de infraestrutura tenham sido comprometidos ou que as senhas de qualquer usuário, conta saldos, investimentos, informações financeiras ou informações de cartão de crédito”, afirmou. “Estamos tomando medidas rigorosas para evitar novos incidentes”.

Maior empresa de comércio eletrônico no país, o Mercado Livre tem visto sua base de usuários crescer rapidamente após a pandemia, o que aumenta a necessidade de investir em proteção de dados. O grupo tem dito que vem ampliando investimentos em tecnologia e segurança, com novos controles de acessos às contas implementados nos últimos anos e de verificação de informações, tanto no Mercado Livre quando no Mercado Pago, a sua plataforma de pagamentos.

A empresa é de capital fechado no Brasil, mas negocia ações na Nasdaq. Ela ainda negocia BDRs na B3 (MELI34), lastreado nas ações na bolsa americana.

Consultores em tecnologia têm debatido a questão do nível de investimento em segurança das empresas, após os ataques recentes aos sistemas de empresas que armazenam dados públicos.

A preocupação está, especialmente, nas empresas varejistas e nas plataformas de comércio eletrônico, que se expandiram aceleradamente após a pandemia, reunindo uma base muito maior de informações pessoais e financeiras.

Para especialistas, os sistemas de empresas da área de crédito, como bancos e seguradoras, é mais maduro do que de varejistas no Brasil e na América Latina, mas também tem mostrado falhas de segurança recentes.

Na semana passada, o Itaú teve uma série de problemas em seus sistemas, com instabilidade no acesso às contas e erros nos extratos.

Com Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico