Itaú BBA mantém recomendação de ‘venda’ para Nubank e projeta prejuízo no primeiro trimestre

Os analistas do banco reduziram o preço-alvo da ação de US$ 7,00 para US$ 6,60

O Itaú BBA manteve sua recomendação de “venda” para Nubank, reduzindo o preço-alvo para US$ 6,60, de US$ 7,00. Os analistas, liderados por Pedro Leduc, admitem que se sentiram tentados a alterar a recomendação após a derrocada do papel e a valorização do real, mas decidiram esperar para ver como será o resultado do primeiro trimestre. Eles preveem prejuízo ajustado de R$ 193 milhões no período. O Nubank fechou em alta de 3,52% na Bolsa de Nova York na segunda-feira, a US$ 6,92.

“A incerteza sobre a qualidade do crédito só está aumentando, enquanto os custos de funding estão pressionando a margem. Nossa visão se baseia em desafios cíclicos e estruturais para justificar valuations altos. A alta cíclica da inadimplência já foi parcialmente precificada, mas está apenas começando a aparecer. Dados marginais sugerem que ela pode ser mais rápida e mais forte do que anteriormente esperado”, diz o relatório.

Para os analistas, do lado positivo, o Nubank deve continuar conquistando clientes, com a adição de 5 milhões no primeiro trimestre, chegando a um total de 59 milhões, e a expansão do crédito deve ficar em “impressionantes” 15%, terminando o trimestre com uma carteira de R$ 42 bilhões. Por outro lado, o rápido crescimento da carteira também deve elevar as provisões. Eles estimam que a inadimplência do Nubank deve subir 0,6 ponto porcentual na passagem do quarto para o primeiro trimestre, a 4,1%. No fim do ano, ela chegaria a 5,5%.

Ao mesmo tempo, os custos de funding mais altos provavelmente também estão afetando a margem financeira. Para o Itaú BBA, a alta da inadimplência gera o risco de o Nubank ter que eventualmente puxar o freio na concessão de crédito, desacelerando o ritmo de monetização. “Tal configuração alimenta o desafio estrutural de conseguir lucrar -mesmo com tantos clientes – no longo prazo”. A previsão para o resultado do banco este ano foi reduzida de um prejuízo de R$ 862 milhões para um rombo de R$ 1,137 bilhão.

Os analistas apontam ainda que o período de lock-up pós-IPO que impede grandes investidores do Nubank de vender suas ações termina em 7 de junho, mas dizem que não estão muito preocupados com uma eventual pressão vendedora sobre os papéis. Para eles, o Brasil recentemente tem ganhado mais atenção dos investidores globais e o tipo de acionista que o Nubank tem é de longo prazo, ou seja, não se deixaria influenciar tanto por resultados de curto prazo. Além disso, o Itaú BBA aponta que o Brasil pode ser um dos primeiros emergentes a alternar de um ciclo de aperto monetário para um de afrouxamento. “Os desdobramentos geopolíticos são favoráveis. Eventualmente, juros mais baixos, menor inflação e melhor criação de empregos ajudariam a lidar com os ventos contrários cíclicos que o Nubank está enfrentando.”