Carro para jogadores de videogame: o que a Sony projeta para seu primeiro veículo

No mercado de elétricos, companhia espera faturar mais com entretenimento

O primeiro carro da Sony provavelmente será um modelo de ponta com entretenimento como filmes e videogames pelos quais os proprietários pagarão mais, disse o diretor-presidente da empresa, Kenichiro Yoshida, em entrevista após uma visita à fábrica da parceira Honda Motor em Marysville, Ohio, nos Estados Unidos.

A Sony e a Honda disseram em março que formariam uma joint venture para vender um veículo elétrico a partir de 2025.

Yoshida previu que o mercado de automóveis mudaria cada vez mais para um modelo de serviço em que os clientes pagam regularmente por downloads de software e entretenimento. Ele apontou para a Tesla, que cobra US$ 10 por mês por melhor conectividade e pelo menos US$ 99 por mês por um serviço que chama de direção autônoma.

O negócio de carros “está mudando para veículos elétricos e, ao mesmo tempo, eles serão conectados a uma rede, então eles estão sendo transformados em um produto de tecnologia”, disse Yoshida.

Ele fez uma analogia com o negócio PlayStation da Sony, que, além de vender o hardware PlayStation 5 de US$ 500, tem um produto de assinatura chamado PlayStation Plus com serviços multijogador e jogos para download. No primeiro trimestre deste ano, o PlayStation Plus tinha 47,4 milhões de assinantes.

O hardware do PlayStation custa mais do que os concorrentes e é direcionado especialmente aos jogadores mais dedicados — uma filosofia que Yoshida estenderia ao carro da Sony. “Quero incluir todos os tipos de funções, então este será um carro de preço relativamente alto”, disse ele.

O mercado de veículos elétricos, especialmente os mais sofisticados, está ficando lotado tanto de fabricantes de automóveis experientes, como o Mercedes-Benz Group, quanto de recém-chegados, como o Lucid Group, o que tornará um desafio para um carro da Sony se destacar.

A joint venture Sony-Honda terceirizará sua fabricação para a Honda. Anteriormente, a Sony contratou a Magna Steyr na Áustria, parte da Magna International, para fabricar protótipos de carros que exibiu sob o nome Vision S.

Alguns recém-chegados ao negócio de automóveis com suas próprias fábricas, como a fabricante de caminhões elétricos Rivian Automotive, acharam difícil aumentar a produção em massa.

Yoshida disse que verificou as ferramentas, solda e oficinas de pintura na fábrica da Honda em Ohio. “Isso seria difícil de fazer por conta própria”, disse ele. “Acontece que você realmente precisa de um parceiro.”

Atualmente, a capacidade dos motoristas de assistir a um filme ou videogame da Sony é limitada pela necessidade de manter os olhos na estrada, mas Yoshida expressou esperança de que a direção totalmente autônoma se espalhe nos próximos anos. Ele disse que para os jogadores de videogame em seus assentos de carro, a Sony pode usar o que aprendeu com seus controles hápticos, ou seja, sensíveis ao toque, para o PlayStation 5, que transmitem vibrações e outros retornos sensoriais.

Yoshida disse que a joint venture Honda-Sony, atualmente um acordo 50-50, pode eventualmente se tornar independente e trabalhar com mais participantes da indústria automobilística. A Honda se recusou a comentar sobre isso ou sobre a visita à fábrica do diretor-presidente da Sony.