Vacinação consolida aumento da ocupação; volta de restrições pode ser ‘balde de água fria’

Melhora no terceiro trimestre coincidiu com o período em que o país começou a imunizar a população mais jovem
Pontos-chave:
  • 3,6 milhões de pessoas a mais conseguiram um emprego entre julho e setembro
  • Abalo na confiança empresarial pode reduzir ritmo de contratações
  • Identificação da variante ômicron do coronavírus acende sinal de alerta

O crescimento do número de pessoas empregadas no terceiro trimestre de 2021 foi fruto da conjunção entre o arrefecimento da pandemia, o avanço da vacinação e consequentemente o retorno mais intenso da atividade econômica. Dados divulgados nesta terça-feira (30) pelo IBGE indicaram que 3,6 milhões de pessoas a mais conseguiram uma ocupação entre julho e setembro em relação ao período entre abril e junho, elevando o total a 93 milhões.

A melhora no nível de ocupação já vinha sendo observada nos levantamentos anteriores, mas se consolidou no momento em que o país começou a vacinar a população mais jovem, segundo Adriana Berenguy, coordenadora de renda e trabalho do IBGE. “À medida que abaixavam os grupos etários, a gente estava imunizando as pessoas que, em sua parte, são inseridas no mercado de trabalho”, destacou. “Uma vez que mais pessoas estavam imunizadas, há uma dinâmica associada que é o funcionamento maior das atividades econômicas, que acaba se intensificando no terceiro trimestre”, acrescentou.

Sinal de alerta

A identificação da variante ômicron do coronavírus é um fator que pode afetar o desempenho do mercado de trabalho nos próximos meses. O economista Rodolpho Tobler, pesquisador do FGV IBRE (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) alerta para um abalo na confiança empresarial se houver a necessidade de novas medidas de isolamento. Um cenário desfavorável tenderia a frear o ritmo de contratações, especialmente no comércio e setor de serviços.

“Se pandemia não ficar para trás e demandar novas restrições, imaginamos uma piora até mais forte desse quadro, já que hoje temos um ambiente macroeconômico pior, com o cenário político e fiscal complicado”, diz Tobler. “Uma volta atrás nas flexibilizações será um balde de água fria, pois as condições financeiras das famílias já não se mostram tão positivas para se explorar a demanda reprimida por serviços. Se houver cancelamento de eventos públicos e novas restrições, será preocupante”, completa o economista.

Com informações do Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor Econômico