Um mês de guerra entre Ucrânia e Rússia: impactos são sentidos na economia mundial

Conflito gera escalada da inflação e mudanças no setor de commodities

Uma edição especial do nosso Manhã Inteligente: nesta quinta-feira (24), a guerra na Ucrânia completou um mês. Conduzidos pela repórter Isabella Carvalho, o especialista em investimentos do Itaú Unibanco, Victor Vietti, e Pedro Brites, professor e vice coordenador do curso de relações internacionais da Fundação Getulio Vargas (FGV), falam sobre as consequências do conflito no mundo e o que mais está por vir. Abaixo, os principais trechos da entrevista:

Consequências da guerra

A guerra já tem seus desdobramentos sentidos na economia mundial, como a escalada da inflação. Segundo Victor Vietti, se o conflito continuar por mais tempo, o cenário mundial também vai piorar. A Rússia é fornecedora de fertilizantes e isso pode ter um efeito em toda cadeia alimentícia do mundo, por exemplo. Cerca de 20% dos fertilizantes usados no Brasil vêm da Rússia. Por outro lado, as discussões em torno da energia verde, ou seja, que não dependa do petróleo e do plástico, começam a se intensificar.

Os desdobramentos da guerra

“O conflito já gerou uma série de impactos econômicos pelo mundo”, afirma Pedro Brites. Para ele, é preciso acompanhar os desdobrando do conflito. A conquista de cidades relevantes pela Rússia, por exemplo, pode mudar todo o cenário mais uma vez.

O papel da China

Segundo Brites, a China tem uma posição enigmática neste conflito, com sinais difusos. É uma aliada da Rússia, mas tem tentado melhorar as relações com o Ocidente, o que fez ela buscar uma relação de cooperação. Observar a China pode nos mostrar para onde o conflito caminha.

O balanço das empresas exportadoras

Victor Vietti aponta que algumas exportadoras podem até se beneficiar do conflito. A Rússia e a Ucrânia são grandes produtores de commodities, lembra Vietti. O Brasil, por sua vez, é um grande produtor de milho, trigo, minério de ferro e petróleo, e que podem ter um ganho de margem por conta do mercado internacional. Empresas que exportam commodities estão vendo uma subida dos preços, que estão atrelados ao mercado internacional.

A força da opinião pública

Brites falou sobre a dependência da Europa ao óleo e ao gás russos, mas que há ao mesmo tempo muitas pressões para aumento das sanções para produtos vindos da Rússia. Há uma forte pressão da opinião pública, mas isso não se resolve de um dia para o outro”, afirma Brites.

Empresas de petróleo no Brasil

Para Vietti, o petróleo é um dos itens mais impactados, já que os preços são atrelados ao mercado internacional. Além dele, as commodities de um modo geral, como as agrícolas (trigo, em especial), que são bastante exportadas também terão os preços influenciados pela guerra.