“A categoria de investimentos no exterior tem evoluído. E à medida que esse mercado vai ganhando maturidade, e os investidores passam a olhar para o offshore em busca de proteção patrimonial, a renda fixa entra com tudo. [Afinal de contas], o brasileiro conhece e gosta de renda fixa.”, diz Roberto Lee, CEO e fundador da Avenue em entrevista à IF durante o Itaú BBA Tech Summit, que acontece na cidade de Nova York, nos EUA. O evento integra a programação da 16ª edição da Itaú BBA LatAm CEO Conference, que começa na terça-feira (9).
Lee conta que na Avenue a renda fixa representa a maior parte dos investimentos. “Com as taxas de juros subindo [nos EUA], acelera a atratividade dos investimentos em renda fixa”, analisa.
O mesmo vem acontecendo do outro lado da mesa. Ou seja, mais investidores norte-americanos também estão descobrindo o Brasil como um local para aplicar parte do patrimônio.
“E digo que é uma descoberta em sua essência. Ou seja, no tamanho do mercado, das possibilidades, das oportunidades de negócios que nós temos na nossa região. O Brasil tem muito potencial. Acredito que os próximos 10 anos serão de descobertas”, acredita o CEO.
Tributação de investimentos no exterior
Um tema que não poderia ficar de fora durante o papo com o CEO da Avenue envolve a recente Media Provisória editada pelo governo que afeta justamente a tributação de investimentos no exterior.
De acordo com Lee, que vem acompanhando bem de perto os efeitos da MP, esta norma faz parte de uma organização do sistema financeiro.
“A gente está vivendo uma expansão do sistema financeiro nacional rumo ao exterior. E este é um assunto que precisa ser conversado, discutido e organizado para que a expansão possa acontecer de uma maneira mais saudável. Mas, por outro lado, ainda precisa de ajustes técnicos. E isto faz parte da discussão e vamos ver como isto se desenrola nos próximos dias”, afirma.
Robôs recomendando investimentos?
E como o assunto do dia foi tecnologia, Lee falou da sua visão em relação à possibilidade de, no futuro, termos robôs recomendando investimentos.
“Eu acho que tecnologia acelera o desenvolvimento do mercado. [Porém], o mercado financeiro, pela responsabilidade que tem de trabalhar com o bolso das pessoas, tende geralmente a se envolver mais lentamente com a tecnologia”, diz.
Isto porque, segundo o CEO da Avenue, a recomendação de investimentos é uma atividade restrita a uma pequena faixa da população, justamente pelos custos, infraestruturas, responsabilidades e pelo regulatório ao redor.
“Agora, esse avanço que poderá acontecer com a Inteligência Artificial tende a ser uma forma da gente conseguir descer esse serviço tão importante de recomendação de investimentos para as camadas menos favorecidas da população. E aí, poderemos ter um mundo enorme de investidores entrando no mercado com muito mais qualidade”, afirma.
Lee finaliza a conversa com um olhar positivo. “Vejo a tecnologia no mundo dos investimentos com bons olhos, mas com muito mais esperanças do que certezas.”