Quem é Denise Pavarina, a primeira executiva a se tornar conselheira do Bradesco

Ela foi eleita, por unanimidade, como membro independente pelos acionistas do banco, onde trabalhou por mais de 30 anos, tendo liderado o braço de investimentos e a asset
Pontos-chave:
  • “Não deixei que me colocassem para baixo”

A economista Denise Pauli Pavarina é considerada por alguns a mulher mais poderosa do setor financeiro brasileiro. Desde quinta-feira (10), ela é a segunda mulher no conselho de administração do Bradesco, o segundo maior banco privado do país. Com a aprovação, o conselho de administração do banco passa de dez para 11 membros, dos quais duas são mulheres (a outra é Denise Aguiar, conselheira desde 1986).

Denise Aguiar, a conselheira com mais tempo de casa, é neta de Amador Aguiar, o fundador do Bradesco na década de 1940. Ela é uma das principais acionistas da holding da Cidade de Deus. Ou seja, Denise Pavarina é a primeira profissional de carreira a assumir uma cadeira no conselho de administração do banco.

Denise foi eleita como membro independente. Ela trabalhou no Bradesco por mais de 30 anos, onde liderou várias áreas, entre as quais o braço de investimentos e a Bradesco Asset Management (Bram).

Quando a executiva assumiu o comando da Bram, em dezembro de 2009, recebeu do então presidente do banco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, hoje presidente do conselho, uma missão: internacionalizar as atividades da casa. Foi o que fez. Atualmente, a Bram conta com unidades no Japão, em Luxemburgo, em Londres, em Nova York e no México.

“Foi uma aprovação unânime dos acionistas (a de Denise Pavarina). Isso mostra não só a qualificação da nova conselheira, como também a relevância de ampliarmos a diversificação de gênero nas instâncias deliberativas das organizações”, disse Trabuco, o presidente do conselho do Bradesco.

Além do Bradesco, Denise foi presidente da Anbima e é hoje membro do Conselho de Ética da entidade. Ela atua também como conselheira independente da Crescera Capital, Hospital Care Caledonia e Solvi Participações.

Ela ainda atua como vice-presidente do Taks Force pelo G20, organismo criado em 2015 para prover informações sobre o que as empresas globais estão fazendo para mitigar os riscos de mudanças climáticas.

Denise foge do discurso feminista. “Jamais dividi o mundo corporativo entre masculino e feminino. Ele é um só. O fato de ser a única mulher em uma sala de reunião sempre foi uma constatação”, diz a executiva.

No entanto, em 2019, falando sobre sua carreira, à executiva Laura Hay, diretora global de seguros da KPMG, Denise relatou seus desafios profissionais, para uma série especial sobre mulheres executivas, produzida pela consultoria. Em seu depoimento, Denise revela que teve de superar vários preconceitos para chegar ao topo da carreira executiva.

“Para ser honesta, os homens me ignoraram muitas vezes ao longo da minha carreira, como se eu nem estivesse lá”, disse.

“Não deixei que me colocassem para baixo”

Denise conta que durante seus primeiros anos, como analista de banco de investimento, seus colegas ignoravam suas respostas aos problemas. “E, minutos depois, quando um homem oferecia a mesma solução, eles agiam como se nunca tivessem ouvido nada igual. Eles não estavam preparados para uma mulher no meio deles e queriam me desvalorizar”, lembra.

“Não deixei que me colocassem para baixo e sempre disse a mim mesma que minha grande concorrente era eu”, disse Denise a Laura, da KPMG.

Enquanto Denise observa que seus clientes mais cedo ou mais tarde a aceitavam como conselheira de investimentos – e alguns se tornariam amigos –, ela enfrentou o preconceito de alguns de seus superiores. Embora elogie vários de seus ex-chefes por tratá-la de maneira justa, sem noções pré-concebidas contra as mulheres, ela teve que muitas vezes brigar para ser vista.

Certa vez, Denise conta que desafiou um ex-chefe quando viu que homens menos qualificados de sua área eram promovidos em vez dela. “Fui até ele (o chefe) e disse: ‘Por que não fui nomeada em vez daquele cara? Diga-me o que estou perdendo e o que devo fazer para ser considerada.””

Embora seu chefe não tivesse respostas concretas para suas perguntas, ele concordou em designar um coach executivo para avaliá-la e logo o profissional relatou que Denise estava definitivamente pronta para a próxima promoção.

A dedicação e a persistência deram retorno. Denise cresceu na carreira no banco e ocupou espaços relevantes no ambiente corporativo, fora do Bradesco. Agora, de volta ao banco, ela é parte do mais alto escalão do Bradesco. A economista estará ao lado de Denise Aguiar e os outros nove membros do conselho de administração.

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