Preço da gasolina pode cair ainda mais?

Petrobras anunciou redução de R$ 0,18 por litro

O preço do litro da gasolina vendida pela Petrobras nas refinarias às distribuidoras ainda teria espaço para um corte de 9,5% ou de R$ 0,351 em média, mesmo depois da redução anunciada nesta segunda-feira, de acordo com a consultoria StoneX.

Os cálculos foram feitos logo depois do comunicado da petroleira de que vai reduzir o preço médio do litro da gasolina para R$ 3,53 por litro a partir de terça-feira, queda de R$ 0,18, que corresponde a uma redução de 4,85%. O último reajuste da gasolina havia sido em 28 de julho, quando a estatal anunciou um corte de R$ 0,15 no litro em média.

“Ocorreu uma queda do dólar e do barril de petróleo, então a amplitude para a queda na gasolina foi grande. O mercado abriu espaço para esse reajuste de maneira frequente”, disse o consultor em gerenciamento de risco da StoneX, Pedro Shinzato.

Para ele, no entanto, a opção da Petrobras por não zerar a diferença em relação ao mercado internacional desta vez pode estar relacionada à volatilidade do mercado. “Imagino que seja na esteira de buscar uma linha de preços que reflita as mudanças estruturais, e não conjunturais, do mercado”, afirmou.

No caso do diesel, que teve o último reajuste aplicado na sexta-feira, a StoneX calculava na manhã de hoje que existiria espaço para um corte de R$ 0,556 no preço médio do litro vendido pela Petrobras, o que equivaleria a uma redução de 10,6%.

“No diesel está muito claro que a Petrobras manteve os preços abaixo da paridade no primeiro semestre e agosto está ficando um pouco acima, talvez em busca de uma paridade média com o mercado internacional no ano ou no trimestre”, disse.

O consultor ressaltou, no entanto, que não houve grandes mudanças no mercado entre a semana passada e a atual que justifiquem dividir o anúncio de quedas nos preços da gasolina e do diesel entre quinta-feira e hoje.

E quando os preços no mercado internacional subirem?

O anúncio de queda no preço da gasolina da Petrobras nas refinarias foi positivo, mas é importante que a companhia também mantenha uma frequência de reajustes quando os preços subirem no mercado internacional, disse o presidente da Associação Brasileira dos Importadores dos Combustíveis (Abicom), Sérgio Araujo.

“Esperamos que a nova gestão da Petrobras faça os acompanhamentos com a frequência devida. Não desejamos aumentos de preços, mas esperamos que em momentos de elevação de preços, os reajustes também sejam anunciados com a frequência com que vêm sendo anunciadas as reduções”, afirmou.

Em julho, a Petrobras diminuiu duas vezes os preços da gasolina, sendo que a última foi no dia 28. Nos cálculos da Abicom, antes do corte de hoje, a gasolina vendida pela Petrobras estava em média 10% acima do preço de paridade internacional (PPI), o que indicava potencial para uma redução de R$ 0,33 por litro.

No caso do diesel, que não teve reajustes hoje, a associação estimava que os preços nas refinarias da estatal brasileira estavam 5% acima do mercado internacional, com espaço para uma redução de R$ 0,23 por litro. A última alteração no preço do diesel foi na sexta-feira.

Araújo diz que não acredita que a Petrobras vai anunciar novos cortes no diesel em breve. “O diesel está um pouco acima da paridade, mas tem viés de elevação de preços [no mercado internacional]”, disse.