‘Operação tartaruga’ no Porto de Santos afeta liberação de trigo e pode deixar pão mais caro

Auditores de todo o Brasil têm diminuído o ritmo de trabalho de forma a pressionar o governo federal a atender às demandas da categoria

O atraso na liberação de trigo no Porto de Santos (SP) está sendo causado pelo acúmulo de outras mercadorias desembarcadas, segundo o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco). Desde o início do ano, auditores de todo o Brasil têm diminuído o ritmo de trabalho de forma a pressionar o governo federal a atender às demandas da categoria.

“Acreditamos que a explicação mais provável para a demora na liberação do trigo seja um efeito cascata causado pelo acúmulo de outras mercadorias, como peças de automóveis e eletrodomésticos, o que está acarretando uma possível falta de local para o armazenamento do grão no Porto de Santos”, disse o Sindifisco, em comunicado divulgado no domingo.

Na nota, a entidade lembra que o Sindicato da Indústria do Trigo do Estado (Sindustrigo) de São Paulo manifestou recentemente “preocupação com as 38 mil toneladas de trigo que se encontram retidas” no terminal. Segundo os representantes da indústria do setor, a demora pode levar a aumento do preço do pão no Estado.

O Sindifisco afirma, por sua vez, “que medicamentos, cargas vivas, fornecimento de consumo de bordo e perecíveis de curta duração continuam sendo liberados normalmente” pelos auditores. “Mercadorias que não estiverem dentro dessas classificações estão levando cerca de 20 dias para serem liberadas em vez das costumeiras 24 horas”, diz.

A entidade representante dos auditores diz também “que prejudicar a sociedade e o país não é e nunca foi a nossa intenção”. Mas afirma que “a situação na Receita Federal não pode permanecer como está”. Desde o fim do ano passado, a categoria vem pedindo a regulamentação de um bônus de produtividade, aprovado em 2017, e recomposição do orçamento da autarquia.