Manobras da China perto de Taiwan afetam comércio de tecnologia

Exercícios militares prejudicam a circulação de navios na região

Os exercícios militares da China ao redor de Taiwan estão forçando empresas de comércio marítimo a deixar seus barcos com destino à ilha atracados, esperando o fim das manobras de Pequim em torno da ilha após a visita da presidente do Câmara dos Deputado dos EUA, Nancy Pelosi. A região é rota para navios que buscam chips e semicondutores taiwaneses.

Os navios estão ancorados no mar para evitar uma zona de atividades militares localizada nos arredores do porto de Kaohsiung, no sul de Taiwan, disse Jayendu Krishna, vice-chefe da consultoria Drewry Maritime Advisors, à “Bloomberg”. A zona é uma das maiores áreas de ação que a China delimitou ao redor da ilha, e fica a 15 milhas náuticas da entrada do porto.

Os proprietários de navios estão preocupados com a possibilidade de mísseis atingirem suas embarcações, optando por deixá-las paradas, queimando combustível extra até que os exercícios terminem.

“Eles evitarão ir a Kaohsiung nos próximos dois ou três dias, porque o trajeto está na linha de fogo da China”, disse Krishna. “Alguns navios de carga e petroleiros foram solicitados a ancorar e aguardar ordens.”

Navios de guerra da China cruzaram o estreito de Taiwan durante os exercícios, aumentando a tensão entre os dois países.

Kaohsiung está operando normalmente e nenhum congestionamento de navios foi encontrado nos mares, de acordo com o vice-presidente do porto, Su Jiann-rong, para a “Bloomberg”. “Não houve impacto dos exercícios militares até agora”, disse ele, e há píeres vazios disponíveis no porto.

Nenhum navio cancelou os planos de entrar ou sair dos portos na quinta-feira, de acordo com um comunicado do Ministério dos Transportes de Taiwan.

O Estreito de Taiwan é uma rota importante para as cadeias de suprimentos, com quase metade da frota global de contêineres passando pela rota neste ano. Enquanto os navios continuam a viajar pelo estreito durante os exercícios militares, eles passam pelas zonas de atividade militar.

Algumas empresas proibiram seus navios de transitar pelo estreito. Dois fornecedores de gás natural informaram aos navios que não trafeguem pelo estreito até que possam confirmar que os exercícios militares terminaram.

A cidade de Kaohsiung é uma importante parada para navios que buscam chips e semicondutores taiwaneses, e também é onde a refinaria estatal CPC produz petroquímicos para fábricas de produtos manufaturados em todo o mundo, disseram especialistas em transporte marítimo para a “Bloomberg”.

Novos atrasos devem afetar a cadeia de suprimento de mercadorias asiáticas com destino aos EUA, disse Krishna.