IPCA-15 mantém leitura de desinflação gradual nos próximos meses, diz Itaú

Gestora Neo Investimentos destaca que surpresa positiva não altera perspectiva para política monetária

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de setembro, divulgado na manhã desta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou uma deflação maior do que a esperada, com as principais surpresas baixistas em itens que não estão nos núcleos de inflação acompanhados pelo Banco Central (BC), medidas que procuram captar tendência de preços ao desconsiderar itens mais voláteis.

A chamada prévia de inflação de setembro mantém a leitura de desinflação gradual ao longo dos próximos meses, aponta o banco Itaú. O IPCA-15 apontou deflação de 0,37% em setembro contra agosto, taxa mais baixa do que a deflação de 0,19% já esperada pelo banco.

De modo geral, aponta a divulgação, a leitura mostrou inflação abaixo do esperado em serviços afetados pelas medidas de redução tributária (especialmente na parte de comunicação, com deflação de acesso à internet e combo de telefonia, internet e TV), passagem aérea, condomínio e empregado doméstico.

A principal surpresa baixista, destaca o banco, veio em itens que não estão nos núcleos de inflação: comunicação, passagem aérea, gasolina e alimentação no domicílio.

Na inflação subjacente, a parte ligada a industriais veio próxima ao esperado, enquanto serviços subjacentes vieram um pouco abaixo (com condomínio e refeição mais fracos), indicando que a inflação neste grupo parece ter feito pico, mas seguem em patamar historicamente elevado.

Os itens que repetem a variação do IPCA-15 para o IPCA de setembro. como passagem aérea, cursos, aluguel e condomínio, mão de obra e empregado doméstico, entre outros, vieram 0,16 ponto percentual abaixo da projeção do banco, o que deve gerar revisões baixistas para a estimativa de setembro, diz o boletim.

A estimativa do banco para o IPCA no final de 2022 está em 6%, mas com viés de baixa.

Surpresa não altera perspectiva para política monetária, avalia gestora

A surpresa com a prévia da inflação de setembro deve levar a algum ajuste em relação ao comportamento estimado para a alta de preços para 2022, mas não deve alterar o quadro esperado para o ano que vem. Com isso, apesar da deflação muito mais alta do que a esperada, não há mudança na expectativa da manutenção do aperto monetário pelo Banco Central (BC), aponta Luciano Sobral, economista-chefe da Neo Investimentos.

A surpresa baixista do IPCA-15, diz o economista, veio principalmente em alimentação no domicílio e passagens aéreas. Não houve surpresa, aponta, na dinâmica dos núcleos de inflação acompanhados pelo BC, que ainda apontam forte alta de preços. O núcleo de bens industriais, destaca, continua rodando em torno de 1% ao mês, em variação “incômoda”, mantendo ainda certa demora de repasse de ajuste de preços de commodities e do atacado. O de serviços segue também alto, indica, em torno de 0,6% na variação mensal. Embore se espere uma desaceleração maior dos bens industriais para o decorrer do ano que vez, diz Sobral, ainda há dúvidas sobre os serviços.

Com base nesse cenário, diz o economista, a gestora deve rever a estimativa de IPCA de 2022 de 5,8% para 5,5%, sob influência principal de ajuste na inflação esperada em alimentos e expectativa de novo corte de preços de combustíveis pela Petrobras. A projeção para inflação do ano que vem, em torno de 5%, porém, deve ser mantida, indica. o que também mantém o cenário de manutenção do aperto monetário pelo BC.