Monitor do PIB aponta segundo trimestre seguido de retração

Consumo das famílias também é destaque e deve reforçar os efeitos da inflação

O Monitor do PIB, divulgado nesta sexta-feira (19) pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), mostrou uma queda de 0,1% no terceiro trimestre de 2021 em relação ao segundo trimestre. Essa é a segunda retração trimestral observada pelo indicador.

“A economia brasileira reverteu a trajetória de recuperação que havia sido observada no terceiro e quarto trimestre de 2020 e no primeiro trimestre deste ano, comparativamente aos trimestres imediatamente anteriores”, destacou Claudio Considera, coordenador do Monitor do PIB-FGV. “No segundo e terceiro trimestres deste ano ocorreram duas taxas negativas de -0,1% em comparação aos trimestres imediatamente anteriores. Por sua vez, a taxa acumulada em 12 meses, até setembro foi de apenas 3,7%”, acrescentou.

Houve uma alta de 0,3% em setembro contra agosto de 2021, conforme os dados de hoje. Já na comparação interanual, a economia cresceu 4,1% no terceiro trimestre e 2,4% em setembro frente os resultados de 2020.

Por que é importante

O indicador acende o alerta para o risco de uma recessão técnica da economia. O resultado oficial do PIB, medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), será divulgado em 2 de dezembro.

Como afeta seus investimentos?

Os últimos indicadores econômicos vieram praticamente todos piores que o esperado pelo mercado. Com as perspectivas negativas para 2022, os números dos setores servem para os investidores calibrarem suas carteiras. A avaliação geral é que o ano que vem ainda é uma grande incógnita, como mostrou a apuração da Inteligência Financeira.

Fique por dentro

PEC dos Precatórios

O senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) apresentou a ideia de fatiar a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos Precatórios para acelerar o trâmite no Congresso e conseguir fazer o primeiro pagamento do Auxílio Brasil ainda em 2021, já que a legislação proíbe a criação de novos benefícios em ano eleitoral. A sugestão é incorporar mudanças dos senadores ao texto que a Câmara dos Deputados já aprovou em dois turnos e promulgar somente os trechos já avalizados pelas duas Casas.
O presidente de Câmara, Arthur Lira, disse em entrevista ao Valor PRO, o serviço de notícias em tempo real do Valor Econômico, não ver espaço para um amplo reajuste dos servidores públicos como anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Nas últimas semanas, o temor de descontrole dos gastos do governo tem deixado o mercado financeiro preocupado. Essas duas notícias podem apaziguar um pouco os ânimos nesta sexta.

Desmatamento em alta

O Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) divulgou na noite de quinta-feira (18) que a taxa de desmatamento na Amazônia Legal Brasileira (ALB) ficou em 13.235 quilômetros quadrados (km²) no período de 01 agosto de 2020 a 31 julho de 2021. O índice apurado pelo Prodes (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite) representa um aumento de 21,97% em relação à taxa de desmatamento do período anterior. Esse é um tema sensível que coloca mais pressão sobre as exportações agrícolas brasileira. A União Europeia anunciou no começo da semana regras para proibir commodities de áreas desmatadas.

O copo meio cheio de Guedes

A valorização do dólar tem sido apontada como uma das principais influências para a persistência da inflação em um patamar elevado. Mas o ministro da Economia, Paulo Guedes, vê um lado positivo. Em evento promovido pela Secretaria de Política Econômica (SPE), Guedes afirmou que a taxa de câmbio está convidativa para investimentos estrangeiros. “Quem entrar agora [para investir no Brasil] tem uma margem adicional de ganho. Além do que vai ganhar no projeto em si, está entrando com um dólar favorável”, disse.