Ibovespa em 230 mil pontos? Parece sonho, mas os analistas do Morgan Stanley acreditam que é possível em pouco tempo

As projeções consideram possíveis trajetórias fiscais do Brasil nos próximos anos
Pontos-chave:
  • Os analistas do Morgan Stanley afirmam que, historicamente, há uma relação fraca entre o crescimento econômico e dos lucros corporativos no Brasil, pelo menos para as empresas de capital aberto

O Morgan Stanley projeta que o Ibovespa deve atingir 230 mil pontos dentro de um período de oito anos, que se encerram em 2030. Isso representaria um “upside” de 100% dos níveis atuais, com 190% de retorno total, incluindo dividendos, nas estimativas da instituição financeira americana.

As projeções para a principal referência da bolsa brasileira são feitas em meio a um estudo do Morgan Stanley para possíveis trajetórias fiscais do Brasil nos próximos anos.

Em relatório entitulado “Brasil: em busca de uma saída da armadilha fiscal”, os profissionais do banco dizem acreditar que, embora o teto de gastos provavelmente seja enfraquecido nos próximos anos, um cenário de trajetória insustentável da dívida pública brasileira é pouco provável.

“Infelizmente, a mudança de incentivos políticos aponta para um Congresso e um novo governo que provavelmente estarão interessados em testar a barreira fiscal. No entanto, embora consideremos como prováveis os cenários em que a regra do teto seja enfraquecida, gerando um aumento da dívida pública/PIB a partir de 2023, cenários mais extremos, como uma dívida pública em plena expansão, permanecem improváveis”, dizem.

Os analistas do Morgan Stanley afirmam que, historicamente, há uma relação fraca entre o crescimento econômico e dos lucros corporativos no Brasil, pelo menos para as empresas de capital aberto. Assim, a projeção para o Ibovespa é feita a partir das tendências de lucratividade corporativa de longo prazo.

“Ainda assim, se fôssemos simplificar, nosso cenário-base para o Ibovespa estaria incluído em um cenário em que a dinâmica da dívida em relação ao PIB permaneça relativamente estável ao longo do período de análise”, afirmam.

De acordo com os profissionais da instituição financeira, o Brasil tem uma elevada relação dívida do setor público em relação ao PIB (cerca de 80% de dívida bruta e 63% líquida, para as estimativas do fim de 2022), e o próximo governo terá que tomar decisões relevantes em duas frentes principais: uma política macroeconômica ortodoxa ou heterodoxa e sobre a condução de um processo de consolidação fiscal, que incluiria a manutenção do teto de gastos e uma reforma tributária.

“Essas duas variáveis também devem influenciar, direta e ou indiretamente, o nível de crescimento e lucratividade dos ganhos corporativos e, portanto, o desempenho do mercado acionário local nos próximos anos”, dizem.

Assim, são desenhados três cenários para o Ibovespa. Além do cenário base, em que o índice termina 2030 aos 230 mil pontos, no cenário otimista, o índice chegaria ao fim do período de oito anos em 280 mil pontos. Já no cenário pessimista, o Ibovespa terminaria 2030 aos 185 mil pontos.

Neste contexto, o Morgan Stanley avalia as ações brasileiras como atrativas, frente à renda fixa. “Atualmente, as ações brasileiras parecem atraentes em relação aos instrumentos de renda fixa locais, com base em nossas estimativas. Por exemplo, no cenário-base, a estimativa para a taxa de crescimento anual composta (CAGR) real de 9,8% entre 2022 e 2030 é maior do que o atual rendimento de títulos NTN-B para o mesmo ano, de 5,3%”, aponta a instituição financeira.

Eles ponderam que, para investidores baseados em dólares, os retornos nominais em moeda forte provavelmente serão menores, pois a inflação de 5,0% implícita em nossos cálculos básicos deve levar a uma moeda mais fraca ao longo do tempo.