Greve no Banco Central: servidores preparam manifestação durante reunião do Copom

Os funcionários voltam a cruzar os braços por tempo indeterminado a partir desta terça

Os servidores do Banco Central programaram uma manifestação em frente à sede da autarquia, em Brasília, na próxima quarta-feira (4), das 17h às 19h, durante a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) destinada à decisão de reajuste da taxa básica de juros (Selic).

O ato presencial faz parte do recrudescimento da mobilização da categoria, que volta a cruzar os braços por tempo indeterminado a partir desta terça (3), em reivindicação por reajuste salarial e reestruturação de carreira.

A retomada da greve, que ficou suspensa entre 20 de abril e 2 de maio, foi decidida em assembleia realizada na última sexta (29). Nas duas últimas semanas, os funcionário da autoridade monetária vinham atuando em operação-padrão e fazendo paralisações diárias, das 14h às 18h.

“A escolha pelo recrudescimento da luta se deu em virtude do prazo para um encaminhamento à pauta reivindicatória do corpo funcional do BC, principalmente em relação ao aspecto salarial, e à intransigência e falta de avanços significativos no âmbito do Poder Executivo durante o período em que a greve esteve suspensa”, afirmou o Sinal (Sindicato Nacional dos Servidores do Banco Central) em nota.

Os servidores do BC mostraram insatisfação com a proposta do governo de reajuste linear de 5% para todo o funcionalismo público e apresentaram uma contraproposta com pedido de recomposição salarial de 27% a partir de 1º de julho, não mais do primeiro semestre, além de demandas de reestruturação de carreira.

Como antecipou o jornal Folha de S.Paulo, em 13 de abril, o presidente Jair Bolsonaro (PL) decidiu conceder um reajuste de 5% para todas as carreiras -inclusive militares das Forças Armadas, além de integrantes do Judiciário e do Legislativo- a partir de 1º de julho.

Na última sexta, Bolsonaro disse em entrevista à rádio Metrópole FM, de Cuiabá (MT), que a proposta de reajustar em 5% o salário de servidores federais “desagrada a todo mundo”, mas tentou se afastar das críticas de categorias, pedindo compreensão.

Os membros das três entidades sindicais também solicitaram ao presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, uma reunião com o ministro Ciro Nogueira (Casa Civil), o que não aconteceu até a decisão da retomada da greve.

A nova etapa do movimento grevista deve seguir os mesmos moldes da paralisação de abril, com interrupção na publicação de boletins e estatísticas financeiras, por exemplo.

“O BC comunicou, logo no começo de abril, que durante a greve as publicações seriam suspensas. O mesmo cenário vai se colocar. O BC permanece com a política de avisar a publicação das estatísticas com pelo menos 24 horas de antecedência”, disse o chefe do departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, nesta segunda (2).

“De fato, as paralisações parciais e a greve têm impedido uma série de trabalhos internos do BC”, reforçou durante a apresentação das estatísticas fiscais de fevereiro.

As notas econômico-financeiras (setor externo, fiscal e crédito) foram divulgadas com defasagem de cerca de um mês. A publicação dos dados relativos a março ainda não tem data prevista para acontecer.