Exportações brasileiras devem seguir favorecidas por preços de commodities, aponta consultoria

Já as importações devem sentir o impacto da inflação global, porém com volumes limitados pelo baixo dinamismo da atividade local

O superávit de US$ 4 bilhões na balança comercial de fevereiro, divulgado ontem pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia (Secex/ME), veio acima do saldo de US$ 3,4 bilhões esperado pela Tendências. Para os próximos meses, a consultoria espera que as exportações sigam favorecidas pela força dos preços das commodities, enquanto as importações também devem sentir o impacto da inflação global, porém com volumes limitados pelo baixo dinamismo da atividade local.

Para o decorrer de 2022, o prolongamento da guerra entre Rússia e Ucrânia e a intensificação das sanções contra os russos, aponta a consultoria, trazem riscos relacionados à oferta de petróleo, o que pode ajudar a pressionar preços, e à dependência brasileira na importação de fertilizantes.

O desempenho de fevereiro foi influenciado pela alta expressiva das exportações, impulsionadas por receitas com petróleo, soja e carne bovina, destaca Yasmin Riveli, economista da Tendências. Segundo a Secex as exportações cresceram 32,6% em fevereiro, contra igual mês de 2021, na média diária. Já as importações, diz, também cresceram (22,9%), porém em menor intensidade, com destaque para as altas dos preços de adubos e fertilizantes e do gás natural.

Para 2022, o panorama esperado, diz Yasmin, aponta para a relativa preservação dos números das exportações alcançados em 2021. “As receitas devem ser beneficiadas pelo cenário de manutenção de cotações ainda historicamente valorizadas para as principais commodities exportadas, com destaque para a elevação expressiva dos preços do petróleo, alimentados pelos riscos de menor oferta diante da intensificação de sanções contra a Rússia”, diz ela em boletim. Em relação aos volumes, prossegue, é preciso considerar o risco de algum impacto negativo via esfriamento da atividade global, seja pelo renovado choque de custos nas cadeias produtivas, ou mesmo pelo efeito da alta do petróleo sobre a renda disponível das famílias.

Do lado da demanda doméstica, o aperto monetário em curso e o panorama de incertezas, diante dos riscos fiscais e políticos, devem se materializar em baixo dinamismo econômico, o que deve restringir os volumes importados, diz Yasmin. “Do lado da importação de fertilizantes, o prolongamento do conflito entre Rússia e Ucrânia e das sanções econômicas é um fator de risco, considerando a dependência do Brasil em relação ao produto russo.”

A consultoria projeta para este ano US$ 277 bilhões para as exportações e de US$ 218,5 bilhões para as importações, com superávit de US$ 58,5 bilhões. Os efeitos com conflito entre Rússia e Ucrânia serão avaliados e podem levar a ajustes nessas estimativas, diz o boletim.

Com Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico