Esgotamento de estímulos tira ímpeto do PIB para próximo semestre, diz Itaú

Banco avalia que a atividade econômica deve perder força nos próximos meses

O crescimento de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no primeiro trimestre, em relação ao imediatamente anterior, veio um pouco abaixo da expectativa dos economistas do Itaú Unibanco, que esperavam alta de 1,3%, mas foi interpretado como positivo.

A perspectiva se mantém para o segundo trimestre, que está em andamento, mas começa a se reverter no segundo semestre, segundo a economista Julia Gottlieb.

“O principal destaque do resultado de hoje foi o setor de serviços, em particular serviços prestados à família, que inclui hotel, restaurantes. Foi bastante afetado pela pandemia e agora se recuperou para cima dos níveis” anteriores à covid, destacou a economista do Itaú.

“Para o segundo trimestre, continuamos vendo perspectiva positiva, ainda muito baseada nessa parte de consumo, não por indústria, devido aos estímulos para a renda – liberação do FGTS , antecipação de 13 para aposentado. Tudo isso deve continuar contribuindo para o resultado na margem”, acrescentou.

O cenário deve se reverter no segundo semestre, segundo a economista, justamente pelo esgotamento desses estímulos fiscais lançados pelo governo.

“Esperamos que a atividade econômica perca força. Os dois motivos principais serão a queda de renda disponível, todos esses estímulos que ajudam no segundo tri e não estarão mais no segundo semestre. Então, tem uma queda da renda disponível à vista”, observou.

“Além disso, tem o efeito da política monetária, que opera com defasagem mesmo. O juro passou para cima do neutro no final do ano passado, então o efeito deve ser mais sentido no segundo semestre do ano”, acrescentou Julia, ressaltando que projeta o Banco Central elevando a Selic a 13,75% – subindo 50 pontos-base na reunião de junho e 50 pontos-base em agosto.

Citi eleva PIB para 1,4%

Já a equipe econômica do Citi elevou a sua projeção para o crescimento do PIB no fim de 2022 de 0,7% para 1,4%. “Para nós, além dos estímulos fiscais concedidos às pessoas de baixa renda, chamado Auxílio Brasil, a recuperação do emprego em curso no mercado de trabalho também está desempenhando um papel no aumento do consumo privado nos últimos tempos. No geral, o desempenho robusto do PIB do primeiro trimestre desencadeou outra revisão para cima em nossa estimativa de crescimento anual do PIB de 2022 para 1,4%, de 0,7%”, explicou o Citi em relatório.

No documento, o Citi ainda destaca a disposição do governo de subsidiar os combustíveis na medida em que cresce a diferença entre os preços domésticos e a paridade internacional. “Como temos relatado, a disposição do governo de aumentar os gastos ou diminuir os impostos para reduzir os preços, politicamente sensíveis, vem aumentando nos últimos meses (o que resultou no projeto de lei do ICMS que já foi aprovado na Câmara e está em análise no Senado).