IPC-S e IPC-Fipe alimentaram otimismo sobre inflação; IPCA vai mostrar se alívio é tendência

Índices sinalizaram uma desaceleração dos preços

O mercado financeiro teve sinais animadores de índices inflacionários nestas segunda (9) e terça-feira (10). Tanto o IPC (e de Preços ao Consumidor) da cidade de São Paulo, calculado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), como o IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal) da FGV (Fundação Getulio Vargas) vieram abaixo do esperado, dando esperanças de uma desaceleração da inflação.

O IPC teve alta de 1,33% na primeira quadrissemana de maio, após uma registrar um ganho de 1,62% em abril. Segundo os dados da Fipe, a inflação da maioria dos componentes do IPC perdeu força: habitação, alimentação, transportes, saúde e educação. Já os itens de despesas pessoais e vestuário tiveram uma aceleração no aumento de preços.

Já o IPC-S teve alta de 0,83% na primeira leitura de maio, após marcar 1,08% no encerramento de abril, e acumulando elevação de 10,64% nos últimos 12 meses. A maior contribuição foi habitação, cuja taxa de variação passou de recuo de 0,69% no fim de abril para baixa de 1,69% na primeira quadrissemana de maio.

Ambos os índices refletem a queda na conta de luz no setor habitação. No IPC-S, a tarifa de eletricidade residencial teve queda de 10,78%, ante anterior declínio de 6,78%. Maio terá integralmente a mudança da bandeira tarifária na conta de energia para verde (sem cobrança extra).

“São boas notícias, pois vieram abaixo das expectativas, mas é cedo para cravarmos que a inflação vai começar a descer”, diz Waldir Morgado, sócio da Nexgen Capital.

Economistas agora esperam um IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de abril menor. A atual estimativa do mercado gira em torno de uma alta mensal de 1,00%, após o índice subir 1,62% em março. É provável que a inflação oficial do país desacelere ainda mais na divulgação desta quarta (11).

“Provavelmente teremos uma supressa positiva, o IPCA deve dar um alívio também. A sinalização de alívio, porém, vem depois do que o Banco Central gostaria, mas, ainda que atrasado, é um alívio”, afirma Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

O Banco Central promove altas na sua taxa básica de juros há um ano para conter a inflação, sem sucesso por enquanto.

“A partir do momento que os índices vem abaixo do esperado, a curva da inflação está abaixando. No segundo semestre devemos ver uma desaceleração do IPCA por efeito da alta da Selic”, diz Morgado, da Nexgen.

Para Vieira, da Infinity, os alívios do IPC e do IPC-S são uma questão de oferta e não de demanda. Ou seja, não é um efeito da alta de juros. Além de uma redução na conta de luz, o economista ressalta a estabilidade de commodities chave, como milho e trigo.

“Uma andorinha não faz verão. Não quer dizer que esse alívio vai perdurar. E mesmo com o alívio, seguimos com uma inflação mensal de 1%, o que é muito. Ainda é um cenário muito ruim”, diz Vieira.

“Não temos nada garantido mesmo se o IPCA vier melhor do que o esperado. Precisamos de mais dados para começar a delimitar se este é mesmo o pico da inflação”, completa o economista.

De acordo com Morgado, a desaceleração da alta dos preços depende do fim da guerra de Ucrânia, que vem pressionando os preços do petróleo, e consequentemente dos combustíveis, e do fim da política de Covid-19 zero da China, que tem impactado as cadeias produtivas, encarecendo produtos finais.

(Com Valor Econômico)