Com nova Selic, títulos pós-fixados, atrelados à inflação, são boa opção

O atual momento do mercado faz com que o investidor tenha que redobrar a atenção para os prazos de alocação
Pontos-chave:
  • Investidores mais arrojados, que tem apetite maior pelo risco, têm outras opções dentro da renda fixa

Por unanimidade, os membros do Copom decidiram aumentar, nesta quarta-feira (16), a taxa básica de juros da economia brasileira em 1 ponto percentual, para 11,75% ao ano. A expectativa do mercado era de uma elevação dessa magnitude.

Com essa nova alta, os juros chegam ao maior nível desde abril de 2017, quando a Selic passou para 11,25% ao ano. As elevações não devem parar por aí, já que a sinalização do Banco Central é de que os juros continuarão subindo neste ano por conta da inflação ainda alta e dos impactos da guerra entre Ucrânia e Rússia nos preços.

Neste cenário, os títulos de renda fixa pós-fixados, que acompanham as taxas de juros, são boas opções, afirmam os analistas de investimentos, especialmente para investidores que aceitam correr menos riscos. É o caso do Tesouro Selic.

À medida que a aceitação de risco aumenta, o ideal é reduzir o percentual alocado em pós-fixados, redirecionado para aplicações de renda fixa prefixadas e naquelas indexadas à inflação. Ativos indexados à inflação pagam uma taxa mais a variação da inflação no período.

Quando se olha para os fundos de renda fixa DI, a estimativa é que a maior parte deles tenha rendimento superior ao da poupança, principalmente aqueles com taxas de administração de até 2% ao ano.

O atual momento do mercado faz com que o investidor tenha que redobrar a atenção para os prazos de alocação. Em um cenário incerto como o atual, o ideal é não alongar muito o prazo da carteira. Quanto maior o prazo do ativo, mais ele é sensível às oscilações do mercado.

CRIs e CRAs

Investidores mais arrojados, que tem apetite maior pelo risco, têm outras opções dentro da renda fixa. Um exemplo são os fundos de inflação, que compram títulos públicos atrelados ao IPCA: os CRIs, CRAs e as debêntures incentivadas. Vale lembrar que os CRIs e CRAs são isentos de imposto de renda. As taxas desses títulos estão atrativas.

O ponto atenção é verificar quem a empresa emissora do título. Procure títulos das boas empresas no mercado. A dica nesses casos é prestar atenção na qualidade e histórico do emissor dos papéis.

Títulos de crédito privado

É possível também conseguir retornos maiores do que os dos títulos públicos investindo em papéis emitidos por bancos de menor porte, os certificados de depósitos bancários (CDBs).

Eles são mais arriscados, pois existe o risco do banco enfrentar problemas financeiros. Nesse caso, vale destacar que esses investimentos são cobertos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), uma espécie de seguro até o valor de R$ 250 mil por CPF, o dinheiro fica protegido mesmo em caso de calote.

Renda variável ainda vale a pena?

Na Bolsa, há opções de empresas consolidadas e com forte histórico de resultados que estão descontadas frente aos pares globais.

Para quem quer fugir da volatilidade, os tradicionais setores defensivos como o elétrico e o de papel e celulose também oferecem boas oportunidades.

Em um cenário de aumento das taxas de juros, a tendência é que os investidores desfaçam parte de suas posições em Bolsa, como vem acontecendo desde o segundo semestre do ano passado.

Segundo os analistas, não é necessário fugir da renda variável. Para quem aceita correr mais riscos, há empresas com bom desempenho e que estão precificadas abaixo dos seus fundamentos devido à deterioração do cenário macroeconômico.

Entre as medidas usadas para medir se o ativo está ou não com um bom preço estão os múltiplos que relacionam o preço das ações com indicadores contábeis. Procure conhecer a relações entre o valor de mercado mais a dívida líquida da empresa com a geração potencial de caixa. E, claro, tenha a ajuda de um especialista em investimentos. Esta orientação vale tanto para aplicações em renda fixa ou variável.