Bolsa tem forte queda; dólar sobe mais de 3% e crise institucional entre Bolsonaro e STF volta a ser destaque

Como o mercado local estava fechado, por causa do feriado de Tiradentes, a reação mais forte na Bolsa ocorre nesta sexta-feira

O dólar tem alta superior aos 3%, chegando a bater a casa dos R$ 4,77, enquanto a Bolsa cai nesta sexta-feira.

As declarações do presidente do Federal Reserve, banco central americano, Jerome Powell, de que uma alta de 0,50 ponto percentual é uma opção para as próximas reuniões de política monetária gerou forte impacto negativo nos índices acionários globais.

Como as falas ocorreram na quinta-feira, dia em que o mercado local estava fechado por causa do feriado de Tiradentes, a reação mais forte na nossa Bolsa ocorre hoje.

No pregão, os investidores ainda repercutem a decisão do presidente Jair Bolsonaro de assinar um decreto para conceder perdão ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a oito anos e nove meses de prisão por ameaças e incitação à violência contra ministros da Corte.

Por volta de 14h20, a moeda americana tinha alta de 3,72%, negociada a R$ 4,7913 após atngir a máxima de R$ 4,7953. O movimento reflete a alta da divisa observada no exterior.

Para o sócio e gestor da Galápagos Capital, Sérgio Zanini, o real se alinha ao comportamento de várias moedas emergentes, que sofreram baixas no dia anterior. Ele ressalta que o mercado já acredita em um aperto mais forte dos juros americanos. “A maior parte (da alta) é o cenário externo. O ruído local nunca ajuda, mas tem pouca relevância para o cenário econômico brasileiro. O mercado está atribuindo viés de alta agora para o ciclo e tem banco inclusive já falando em possíveis altas de 0,75 ponto percentual em algum momento”, disse.

Além disso, o gestor destaca que o pregão com menor liquidez intensifica movimentos como o de hoje, já que traz mais desafios para quem quer reduzir exposição na posição comprada.

“O câmbio vem reagindo às posturas do Fed, que trazem mais pistas de que a política monetária pode ser mais dura que o previsto. Isso causa incerteza no mercado e leva a busca por ativos de proteção” disse o diretor de produtos de câmbio da Venice Investimentos, André Rolha.

Ele acrescenta que o real sofre influência de comentários do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, durante eventos realizados em Washington, sobre o fim do ciclo de altas da Selic. “Ele sinalizou e manteve a postura da última reunião (de política monetária), onde o ciclo da alta de juros já estava por acabar.”

No mesmo horário, às 14h20, o Ibovespa caía 2,27%, aos 111. 748 pontos. O principal índice da B3 é pressionado por fortes quedas em diversos setores.

Entre as ações, as ordinárias da Petrobras caíam 3,59% e as preferenciais (PETR4, sem direito a voto), 2,77%. As ordinárias da Vale caíam 4,40% e as da Siderúrgica Nacional, 7,17%. As preferenciais da Usiminas cediam 2,68%.

No setor financeiro, as preferenciais do Itaú e do Bradesco tinham quedas de 1,64% e 1,79%, respectivamente.

Brasil: crise institucional

Se não bastasse o cenário de maior inflação e juros no exterior, o mercado local volta a repercutir embates entre o presidente Bolsonaro e o STF.

Os ministros do Tribunal articulam uma resposta conjunta e institucional ao indulto. Partidos e parlamentares de oposição já entraram com ações, na manhã desta sexta-feira, para questionar o perdão presidencial.

Bolsas no exterior

As bolsas americanas apresentavam baixas. Por volta de 14h20, em Brasília, o índice Dow Jones cedia 1,86% e o S&P, 1,81%. A Bolsa Nasdaq caía 1,84%.

Na Europa, as bolsas fecharam no negativo. A Bolsa de Londres caiu 1,39% e a de Frankfurt, 2,48%. Em Paris, ocorreu queda de 1,99%.