Banco Central vê PIB mais forte, mas inflação chega a 11,3% em um ano até agosto

Economia brasileira deve crescer 1,7% em 2022, projeta a autoridade monetária

O Banco Central (BC) revisou para cima a projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022, que passou de 1%, em março, para 1,7%. Ao mesmo tempo, sinalizou que a inflação deve permanecer elevada, com alta acumulada de 11,3% no IPCA em 12 meses até agosto. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira em apresentação preliminar ao Relatório Trimestral de Inflação (RTI), que será divulgado na próxima quinta (30).

A melhora na percepção para a atividade reflete uma onda de revisões do PIB já feitas por consultorias e bancos nos últimos meses, mas o bom desempenho tem prazo de validade.

“A surpresa positiva no PIB do primeiro trimestre e a previsão de nova alta no segundo elevam o carregamento estatístico para 2022. Efeitos cumulativos do aperto monetário em curso, persistência de choques de oferta e antecipações de governamentais às famílias para o primeiro semestre contribuem para projeção de arrefecimento da atividade no segundo semestre”, justificou a apresentação feita pelo diretor de política econômica do BC, Diogo Guillen.

“A incerteza na projeção permanece maior do que a usual, em cenário de continuidade da guerra na Ucrânia e de riscos crescentes de desaceleração global em cenário de inflação pressionada”, complementou.

Segundo o BC, do lado da oferta, destacam-se as altas nas previsões para indústria e serviços, refletindo, especialmente, o resultado no primeiro trimestre e o conjunto disponível de dados para o segundo trimestre.

“Entre os componentes da demanda doméstica, destacam-se a alta no consumo das famílias e o recuo na FBCF [formação bruta de capital fixo], também refletindo, especialmente, o resultado no primeiro trimestre e o conjunto disponível de dados para o segundo trimestre”, ressaltou.

Inflação

O BC projeta alta acumulada de 11,31% em 12 meses para o IPCA até agosto. As estimativas mensais são de avanço de 0,81% em junho, de 0,84% em julho e 0,33% em agosto. No trimestre, a elevação esperada é de 1,99%.

Transações correntes

A autoridade monetária espera saldo positivo em US$ 4 bilhões para as transações correntes em 2022, US$ 1 bilhão a menos que o estimado no documento anterior, de março.

A projeção para a balança comercial do ano é de superávit em US$ 86 bilhões, vinda de US$ 83 bilhões. O BC manteve a estimativa para Investimento Direto no País (IDP) em US$ 55 bilhões.

De acordo com a apresentação, o “ambiente externo mais desafiador deve impactar negativamente fluxos de carteira para emergentes”.

O BC destaca ainda que houve poucas mudanças em relação ao último relatório em relação ao setor externo, com “manutenção de cenário de ligeiro superávit em conta corrente, com saldo comercial recorde e déficit na conta de serviços ainda contido”.

“Preços mais pressionados explicam a revisão altista no valor exportado e importado. Déficit maior na renda primária é explicado por perspectiva de maiores despesas em lucros e dividendos, em linha com atividade econômica mais forte e preços de commodities elevados”, complementou.