Assessor de Guedes prevê alta do PIB perto de 2% e chance “zero” de recessão no semestre

Rogério Boueri destaca a retomada do setor de serviços, a balança comercial e o mercado de trabalho, que tem impulsionado o consumo

O cenário para o crescimento econômico deste ano já está mais perto de 2% e a probabilidade de uma recessão é “zero”. A avaliação foi feita ao JOTA pelo chefe da Assessoria Especial de Estudos Econômicos do Ministério da Economia, Rogério Boueri. Segundo ele, os motores do crescimento neste ano têm sido a retomada do setor de serviços, a balança comercial e o mercado de trabalho, que tem surpreendido e impulsionado o consumo das famílias.

A projeção oficial da pasta hoje é de expansão de 1,5% para o PIB. Mas ele reconhece que o número está defasado, pois só o carregamento estatístico que se constatou após o PIB do primeiro trimestre foi dessa magnitude e o segundo trimestre tem vindo bem. Ele aponta possibilidade de o período de abril a junho ter um crescimento tão ou mais vigoroso que o primeiro trimestre, embora evite ser taxativo sobre isso.

Boueri admite que de julho em diante o cenário é de alguma desaceleração no nível de atividade, refletindo principalmente os efeitos defasados do aperto monetário. Porém, não enxerga nenhum número negativo no trimestre atual e no próximo.

Um dos motivos para isso, explica, é a safra muito boa na agricultura, em produtos como o milho, além dos preços altos de commodities. A despeito do risco externo ter aumentado com o aperto monetário nos Estados Unidos, Boueri alerta que é importante observar que a China está com a inflação baixa e, por isso, não deve ser impelida a aplicar políticas contracionistas. “E a China é nosso principal parceiro comercial”, lembrou.

O auxiliar do ministro Paulo Guedes destaca o forte desempenho do mercado de trabalho, com números recordes de ocupação, que, na visão dele, devem seguir melhorando nos próximos meses. E relativiza a questão da queda na renda média, argumentando que isso pode estar acontecendo por um efeito inverso ao que ocorreu no primeiro ano da pandemia. Na ocasião, lembra, houve forte aumento do desemprego, mas como os cortes foram em grande medida nos salários mais baixos e em trabalhadores “menos produtivos”, a renda média aumentou. Agora, com a retomada, trabalhadores de salário menor estão sendo contratados, puxando a renda média para baixo. Além disso, explica, tem o próprio efeito da inflação.

Sobre esse tópico, Boueri aponta que o cenário é de desaceleração dos preços neste semestre, com o mercado apontando que o IPCA feche o ano em torno de 8%. “Há risco de a inflação dos Estados Unidos ser maior que a nossa”, disse.

O técnico ressalta que esse fenômeno é internacional e diz que o governo não pode ser culpado pelo que está acontecendo. “Nós fizemos o que era necessário. O Banco Central foi um dos primeiros a subir juros. Nós estamos tendo superávit primário”, disse, lembrando ainda das desonerações tributárias, inclusive para importação, que o governo implementou para combater preços.

(Por Fabio Graner, analista de economia do JOTA em Brasília)