Dólar dispara mais de 2% e passa de R$ 5,10 com temores sobre inflação

Moeda americana chegou a R$ 5,13 na máxima do dia

Desde a abertura dos negócios desta segunda-feira, o dólar opera em forte alta de mais de 2%, passando dos R$ 5,12. Após os dados de inflação ao consumidor dos Estados Unidos (CPI, na sigla em inglês) divulgados divulgados na sexta, investidores estão cada vez mais certos de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) será obrigado a promover um aperto monetário mais agressivo, freando a economia americana e global. Essa percepção domina os mercados globais e azeda o clima para ativos de risco.

Por volta das 13h25, o dólar operava em alta de 2,39%, sendo negociado a R$ 5,1069 no mercado a vista. Mais cedo, na máxima, foi a R$ 5,1374. No mercado futuro, o dólar para julho subia 2,31%, para R$ 5,1335.

Ante outras moedas emergentes, o movimento do dólar é similar ao visto na comparação com o real. O dólar sobe 1,78% ante o peso mexicano; 0,98% contra o rand sul-africano; e 1,89% contra o peso chileno. O índice DXY, que mede o desempenho do dólar contra uma cesta de seis principais moedas globais, avançava 0,63%, aos 104,81 pontos.

“Mercado apostando quase todas as duas fichas em uma alta do Fed de 0,75 ponto percentual essa semana e o mercado está reagindo como deveria reagir: o fluxo cambial forte na direção dos Estados Unidos penalizando principalmente os emergentes”, destacou Fernando Bergallo, diretor da FB Capital.

Os contratos futuros dos Fed Funds – usados pelos investidores para avaliar as apostas nos mercados financeiros sobre a política monetária americana – passaram a indicar uma probabilidade majoritária de que o Fed eleve a sua taxa de juros de referência em 0,75 ponto na reunião de julho, após a divulgação de dados de inflação mais fortes do que o esperado na semana passada.

O índice de preços ao consumidor dos EUA indicou uma alta de 8,6% em maio, na comparação com o mesmo mês do ano passado, surpreendendo os investidores, que esperavam uma leitura estável a 8,3%. O número representa o maior salto desde dezembro de 1981.

“De sexta pra cá, aumentou percepção do mercado de que a haverá recessão global nos próximos 12 ou 24 meses ou uma inflação elevada por muito tempo e o mercado acha que o Fed vai seguir um caminho que evite a inflação elevada, o que pode diminuir a atividade global”, destacou Cristiano Oliveira, economista-chefe do banco Fibra. “Agora, se vai virar recessão global ainda é difícil saber”.

A dúvida sobre a possibilidade de uma recessão global também é compartilhada pelo banco Itaú. Em relatório, o banco diz acreditar que os riscos de uma recessão iminente “parecem exagerados, considerando o crescimento resiliente nos EUA e na Europa e a reabertura na China”. “No entanto, esses fatores não devem trazer um alívio significativo e duradouro para preços de ativos, uma vez que a inflação elevada irá levar a maiores taxas de juros nos Estados Unidos e na Europa”, diz o documento.

Para além do Fed, investidores também ficam na expectativa pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central brasileiro, que também divulga decisão nesta semana. Cristiano Oliveira alerta que também vale prestar atenção no Banco Central da Inglaterra, que também tem decisão essa semana, e no BC do Japão porque “é o único que se mantém ‘dovish’. Pode ser que vá pro lado ‘hawkish’. Aparentemente vai haver movimento sincronizado dos principais BCs, apertando a política monetária global”.

Também neste mesmo horário, o índice do dólar DXY operava em forte elevação de 2,4%, aos 104,800 pontos.