Bitcoin ou ouro: qual a melhor proteção do momento contra a inflação?

Se as projeções mais otimistas se confirmarem, o bitcoin deve ser de longe o melhor investimento em 2025. A HashKey, uma empresa de ativos digitais chinesa, aponta por exemplo que o ativo pode triplicar de valor, chegando a US$ 300 mil.
Outras projeções um pouco menos otimistas colocam o ativo na casa de US$ 200 mil. Isso é muito mais que o projetado para o ouro. No começo de janeiro, o Goldman Sachs indicou para a commodity metálica ganhos de 14% até o final do ano. Assim, a onça-troy seria negociada a US$ 2.910.
Ouro ou bitcoin: qual escolher em 2025?
Assim, o bitcoin deve ampliar a diferença para o ouro. Em 2024, bitcoin e ouro, nessa sequência, ocuparam a lista de ativos com maiores valorizações entre os mais populares. Enquanto o ouro avançou 30%, o bitcoin valorizou mais de 120%.
Dessa maneira, o bitcoin deve ser a melhor opção de rentabilidade. Contudo, pensando apenas em proteção financeira contra a inflação, o ouro pode ser a melhor opção porque seus riscos são muito menores. O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (3) indica que a inflação deve chegar a 5,51% no fim do ano.
Dessa forma, a aposta no bitcoin não é, assim, tão certeira. Afinal, o ativo sofre fortes oscilações. Para se ter uma ideia, no ano passado, a criptomoeda chegou a cair para perto dos US$ 40 mil (hoje está perto de US$ 95 mil). Já o ouro caiu muito menos, perto dos US$ 2.675 a onça-troy (cotação atual é de US$ 2.846).
Diante disso, é preciso ressaltar ainda que a rentabilidade passada não garante ganhos para o futuro. Isso para qualquer investimento.
Vantagens e desvantagens do ouro
O momento mais desfavorável para o ouro em 2024 esteve relacionado à vitória de Donald Trump, novo presidente dos Estados Unidos.
A commodity metálica compete com o dólar como reserva de valor. E, logo depois do anúncio da vitória de Trump, o dólar teve forte alta, com parte dos investidores de ouro migrando para a divisa dos Estados Unidos.
Assim, ambos os ativos estão sujeitos às oscilações relacionadas às decisões políticas. E, nesse sentido, 2025 pode ser um ano bastante volátil. A postura de Trump com relação a parceiros econômicos dos Estados Unidos pode fazer flutuar bastante o dólar, e, por consequência, o preço do ouro.
Se o dólar subir, pode voltar a ter a preferência do mercado como reserva de valor.
Vale mencionar que, ao contrário de outras moedas, a norte-americana pode, sim, avançar, quando seu país sede está em apuros. Isso porque, por ser usado em transações globais, o dólar funciona como proteção financeira mesmo quando há riscos relacionados aos Estados Unidos.
Por outro lado, se o dólar cair, o ouro pode registrar valorização. E isso foi observado em janeiro. “Na contramão do desempenho negativo do dólar, foi acompanhado o movimento de valorização do ouro, que liderou ganhos em janeiro com alta de 7,02%, confirmando seu papel como ativo de proteção financeira em momentos de volatilidade”. O destaque é de Einar Rivero, sócio da consultoria Elos Ayta, especializada em ativos de renda variável.
Vantagens e desvantagens do bitcoin
Por outro lado, o bitcoin tende a avançar por conta da promessa de Trump de flexibilizar a regulação dos criptoativos e até promover esse tipo de ativo. O próprio presidente lançou uma criptomoeda.
Assim, o bitcoin, que por si só já é volátil, pode sofrer variações relacionadas à questão regulatória. Contudo, no caso da criptomoeda, as decisões tendem a ser em seu benefício.
Ao final de janeiro, “no acumulado de 12 meses, o bitcoin segue como ativo de maior rentabilidade, com impressionantes 184,09% (de valorização), evidenciando o crescente apetite por ativos digitais”, acrescenta Rivera, da Elos Ayta.
Por outro lado, a criptomoeda sofre bastante em cenários de alta incerteza, com os investidores preferindo ativos de baixíssimo risco como títulos públicos americanos a investimentos mais arrojados, como as criptomoedas.
Por enquanto, esse movimento não foi observado.
Diferenças entre bitcoin e ouro ao investir
O bitcoin promete importantes retornos para o investidor. Mas aparecem também os riscos. Como mencionado anteriormente, a moeda chegou a cair abaixo da metade da cotação com que terminou 2024. Assim, para quem está de olho em investir apenas por um período curto, a criptomoeda pode ser extremamente arriscada.
No longo prazo, porém, o histórico do bitcoin mostra que o ativo é de fato bom negócio. Ignorando a volatilidade dos períodos mais curtos, a criptomoeda registra saltos importantes de valorização. Como em outros momentos da sua história, o bitcoin registra agora patamares recordes e promessas de valorizações ainda maiores.
Já o ouro tem histórico de valorização mais moderado e estável. Assim, ele funciona melhor como proteção financeira em cenários incertos, especialmente no curto prazo. E 2025 promete ser um ano assim, dadas as incertezas políticas e econômicas.
Contudo, quem olhar para a valorização do ano passado, de cerca de 30%, pode ter alguma frustração este ano, dado que a commodity deve valorizar apenas à metade do que avançou no ano anterior. E vale dizer, abaixo dos 15,25% ou 15,50% de taxa Selic, projetados para quem investir na renda fixa no Brasil a partir de junho.
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