Luiz Barsi: por que o maior investidor da bolsa foge dos FIIs?
Megainvestidor diz que eles são 'conto do vigário'; conheça o investimento
Luiz Barsi é o maior investidor individual do país, e quando ele opina sobre um determinado tipo de investimento, a repercussão no mercado é imediata. Recentemente, ele declarou que não investe em fundos de investimento imobiliários (FIIs). Pior: Barsi disse que eles são “um conto do vigário”.
Será? A Inteligência Financeira reuniu depoimentos de analistas do mercado para avaliar se concordam ou não com Luiz Barsi, e os aspectos positivos e negativos dos FIIs.
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Luiz Barsi: quem é o mega investidor brasileiro
Mas antes, é preciso saber quem é Luiz Barsi. Nascido em uma família simples, Barsi começou a trabalhar como engraxate, mas foi aos 14 anos que seu destino começaria a mudar, quando arrumou um emprego em uma corretora de valores.
Incentivado pelos chefes, Luiz Barsi começou a estudar contabilidade e anos mais tarde deu continuidade às leituras, então, na faculdade. Além disso, com mais rodagem no mundo das finanças, Barsi decidiu começar a investir em empresas boas pagadoras de dividendos. Foi então criada a carteira Luiz Barsi.
Aliás, entre as ações escolhidas estão as negociadas abaixo do seu valor patrimonial e com perspectivas duradouras. Foi usando esse método, que os negócios de Luiz Barsi foram crescendo e hoje possui uma fortuna estimada pela revista Forbes, que leva em conta a quantidade de ações em carteira de cada investidor, em R$ 4 bilhões.
De todo modo, Luiz Barsi sempre deixa clara sua posição sobre os fundos e, em especial, os FIIs. “Fundo imobiliário é um conto do vigário. Assim como fundos em geral. Fuja dos fundos. Você enriquece os gestores e mais ninguém com aquelas taxas de administração, de êxito e de performance. Não conheço ninguém que ganhou dinheiro com fundo além de banqueiro”, disparou ele em entrevistas.
Mas afinal, o que são FIIs?
FIIs é a siga para fundos de investimento imobiliário, um investimento coletivo em negócios imobiliários.
Aliás, os FIIs são controlados por gestoras de fundos. Tanto a composição da sua carteira quanto as movimentações de seus ativos são feitas por um gestor especializado.
Os dois principais tipos de FIIs são os fundos de renda (tijolo) e fundos de recebíveis (papel).
Vale a pena investir em FIIs?
Iago Whately, Gestor dos FIIs da JPP Capital diz admirar Luiz Barsi como investidor, mas não concordar com a opinião dele sobre os fundos imobiliários. Ele diz que os fundos imobiliários têm diversos benefícios, com destaque para isenção do IR sobre rendimento e por permitirem que o investidor possa montar uma carteira de ativos imobiliários diversificada e com liquidez.
“Atualmente é um bom momento para investir em FIIs, pois os fundos estão negociando com desconto em relação ao valor dos ativos que eles têm na carteira e há perspectiva de redução de taxa de juros, que é uma variável importante na determinação de preço desses ativos”, diz.
Além disso, ele diz que quem pretende investir em FIIs, o ideal é montar uma carteira que tenha tanto fundos de tijolo como fundos de papel. “O de tijolo com o objetivo de ganho de capital e o de papel pra receber uma renda superior a de outros ativos de crédito privado”, afirma.
Elcio Cardozo, sócio da Matriz Capital, diz que concorda “em partes” com Barsi. “Os fundos imobiliários podem ser bons investimentos, principalmente para aquele investidor que queira uma renda passiva. Porém, são ativos de renda variável e possuem muitos riscos de desvalorização”, afirma.
Quais são os benefícios dos FIIs?
No entanto, Élcio diz que investir em fundos imobiliários é a possibilidade de aplicar na economia real. “Principalmente quando falamos de fundos de tijolo, que são aqueles que investem diretamente em imóveis. Além disso, muitos fundos imobiliários distribuem dividendos mensais isentos de IR, o que é bastante interessante para quem quer renda passiva”, afirma.
André Meireles, diretor de Alocação e Distribuição na InvestSmart, diz que não concorda com Luiz Barsi e aponta outros aspectos positivos dos FIIs. “Tem sido cada vez mais frequente os investidores utilizarem FIIs para desmobilizar o patrimônio. Ou seja, trocar a posse de imóveis físicos por fundos que investem no setor e fazem a gestão dos imóveis”, diz
Aliás, ele explica que o investimento trabalha como uma imobiliária gerindo um contrato de aluguel na economia real sem os contratempos do imóvel físico. “A troca pode fazer sentido porque ter imóveis como investimento dá trabalho. Nesse sentido, o pagamento de taxas, para remunerar quem faz esse trabalho, parece justo”, afirma.
Além disso, Marx Gonçalves, analista de FIIs da casa de análise Nord Research aponta outros aspectos positivos. “O investidor de FIIs pode diversificar muito os seus ativos. É possível ter vários inquilinos nos mais variados segmentos imobiliários e regiões do país reduzindo assim os riscos relacionados a concentração”, afirma.
Ele lembra também da liquidez. “Se você já tentou vender um imóvel sabe a dificuldade que é concluir a transação, que em muitos casos, pode levar anos”, diz.
Quais são os pontos negativos dos FIIs?
“O principal ponto negativo é a possível desvalorização de cotas. Muitas vezes, o investidor fica enviesado apenas nos dividendos recebidos e, quando analisa detalhadamente, verifica que a desvalorização das cotas poderá ter sido maior que os dividendos recebidos, acarretando prejuízos para o investidor”, diz Élcio.
Aliás, em um dos pontos de atenção, Marx fala das taxas cobradas por alguns FIIs. “Olhando o que o Barsi comentou, a gente ainda tem uma estrutura de custos mais elevados em fundos imobiliários. Então, acredito que é muito por conta desses veículos ainda não serem tão grandes a ponto de sustentar muito bem os custos fixos envolvendo as gestoras, administradoras”, diz.
Ariane Benedito, economista especialista em mercado de capitais, destaca a oscilação que estes ativos possuem em função das taxas de juros. “Mas o ponto negativo que a gente pode sim considerar para essa categoria de ativos é a alta correlação com variáveis macroeconômicas, principalmente a taxa básica de juros”, diz.
Além disso, ela explica que nos ciclos de altas, os FIIs costumam desvalorizar, e nos ciclos de baixas, os FIIs se beneficiam. Resumindo, quem não tem sangue frio, pode perder noites de sono em épocas de altas de Selic.
Em quais ações Luiz Barsi investe?
A carteira de Luiz Barsi tem, basicamente, ações de 14 companhias.
Aliás, a cada passo que dá, Barsi analisa profundamente a empresa, seu nível de governança, a gestão, o balanço e, claro, com que frequência a empresa distribui dividendos. Assim, a carteira Luiz Barsi é formada por empresas sólidas.
Na carteira de ações de Barsi estão ações de empresas como:
- AES Tietê (AESB3),
- Banco do Brasil (BBAS3),
- Cemig (CMIG4),
- Eternit (ETER3),
- Grupo Ultra (UGPA3),
- Isa Cteep (TRPL4),
- IRB Brasil (IRBR3),
- Itaúsa (ITSA4),
- Klabin (KLBN4),
- Suzano (SUZB3),
- Taesa (TAEE11),
- Taurus (TASA4),
- Transmissão Paulista (TRPL4),
- Unipar Carbocloro (UNIP6)
Cinco frases de Luiz Barsi
“Bitcoin atrai jogadores, não investidores.”
“Sempre compre papeis com bons fundamentos.”
“Prefiro ser um pequeno parceiro de grandes empresas do que dono de pequenos negócios.”
“Disciplina e paciência são dois fatores fundamentais ao investir.”
“Fuja do day trade.”