Ano ruim para os BDRs de tecnologia: veja as recomendações dos analistas
Em 2021, os recibos movimentaram R$ 91,4 bilhões, mas o momento não é dos melhores
Desde que foram habilitadas aos investidores pessoa física, em outubro de 2020, os BDRs entraram na carteira de muitos brasileiros. Em 2021, o mercado destes recibos chegou a movimentar R$ 91,4 bilhões e neste ano já movimentou R$ 31,5 bilhões. Em sua maioria, os investidores locais preferem ações de tecnologia, setor não muito presente na Bolsa brasileira. Todos os dez BDRs mais negociados no ano passado são de empresas com forte veia tecnológica. Mas, hoje, em um momento de baixa das ações americanas de tecnologia, elas ainda fazem sentido na carteira?
BDRs mais negociados de 2021:
“O momento não é o melhor para ações de tecnologia, mas em termos de alocação, de estratégia de investimento, BDRs fazem sentido porque você se expõe a um risco país diferente, tem uma correlação com o dólar e há ativos puros de tecnologia que não se tem ainda no Brasil, proporcionando uma diversificação para a carteira”, afirma Gabriela Joubert, analista-chefe do Inter.
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O ciclo de alta de juros, a forte inflação e a previsão de recessão nos Estados Unidos prejudicam, em especial, os papéis de tecnologia, já que o setor ainda está em uma curva de crescimento. “Este ano o cenário está mais apertado para empresas de tecnologia, mas pensando no longo prazo, estar em tecnologia faz todo o sentido. É um momento bastante oportuno para se aumentar a exposição a BDRs, com o dólar mais baixo, papéis estão mais baratos. Só pela variação cambial já é possível ter retorno”, diz Gabriela. “Não víamos uma queda tão abrupta das ações de tecnologia desde 2008, o que é uma grande oportunidade pensando em um prazo de três a cinco anos. Estas não são ações para se especular”, afirma Thiago Lobão, CEO da Catarina Capital.
Papéis defensivos
Na opinião de Gabriela, do Inter, alguns papéis de tecnologia são mais defensivos, como Google e Microsoft. Uma aposta mais ousada são as varejistas, como Amazon. “São títulos interessantes para se tentar surfar a onda de recuperação do varejo e ao mesmo tempo investir em tecnologia, mas, no curtíssimo prazo, tem muito risco, pode ser que os EUA tenha um ciclo de aumento de juros mais agressivo.”
Lobão também tem preferência pela Microsoft. “Sempre gostamos mais de Microsoft do que das outras. É uma companhia muito necessária no dia a dia de empresas e está menos exposta a volatilidade macroeconômica.” Outra recomendação são empresas de segurança cibernética.
Meta e Tesla na berlinda
A Meta (ex-Facebook) não é uma das preferidas. “Temos receio quanto ao Facebook, que está migrando para o Metaverso sem deixar claro qual será sua nova disposição de produtos”, diz Lobão. A Tesla também é menos indicada. “Ela tem um showman na liderança e isso mexe muito com os papéis, gerando muita volatilidade. Em termos de indicadores, faz sentido o investimento em carros elétricos, mas, agora, o papel subiu muito e ficou caro”, afirma Gabriela.
O risco do Google
O Google, por sua vez, é visto por ambos como uma boa companhia, mas há um risco que sua receita com venda de mídia seja reduzida neste momento de desaceleração econômica, assim como a Amazon, que ainda enfrenta o impacto da inflação americana nas suas vendas. “As empresas que precisam de receita para crescer e para fechar a conta, como consumo como um todo, podem sofrer mais”, Lobão.
Dicas para investir em BDRs com sucesso
“Sempre é bom investir em tecnologia, mas em um momento de turbulência é preciso buscar uma gestão ativa, pois investir em tecnologia não é brincadeira. Análises rasas são arriscadas. As volatilidades dos papéis são grandes. É preciso diversificar para mitigar risco”, alerta Lobão. Veja algumas recomendações dos analistas:
- Certifique-se de que o BDR em questão tem um bom volume diário de negociação. Assim você consegue comercializar o papel quando quiser, sem problemas;
- Diversifique os setores investidos;
- Pode parecer bobo, mas a máxima “compre na baixa e venda na alta” vale para os BDRs também;
- Estude os especialistas e suas estratégias, e escolha aqueles que mais fazem sentido para você.