Reserva de valor: conheça os ativos que blindam sua carteira das crises mundiais – e quais evitar

Pandemia e guerra na Ucrânia aumentaram o interesse dos investidores por segurança

- Ilustração: Marcelo Andreguetti
- Ilustração: Marcelo Andreguetti

Você já reparou que investidores correm para comprar ouro em momentos de crise mundial, como uma guerra? Após o início do conflito entre Rússia e Ucrânia, o contrato futuro do metal chegou a subir 4,5%. A alta mostra o investidor movimentando sua reserva de valor, algo importante para quem quer se proteger em momentos de tensão. Mas vamos por partes nessa discussão.

O que é uma reserva de valor

Sabe aquele ativo que você tem certeza que não vai perder valor, independentemente do cenário econômico? Faz sentido investir nele se você acha que a economia vai piorar, não? Este é o conceito da reserva de valor: investidores procuram os ativos que correm o menor risco de perder valor mesmo em cenários de incerteza.

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Ouro

Historicamente, o ouro é o ativo mais usado para quem monta uma reserva de valor. Isto porque muitas moedas eram lastreadas no metal precioso e é uma tradição investir nele em momentos de crise. 

Outo motivo que torna o ouro um bom ativo para reserva de valor é que ele tem valor em si mesmo. Além de bonito, o metal é resistente, útil e versátil. A escassez do material também é um dos motivos que faz seu preço, já que é um bem finito e que nem todos têm acesso. 

O gráfico abaixo mostra como os investidores correram para o ouro com a crise da Covid-19 e que o preço do metal voltou a subir após o início do conflito entre Rússia e Ucrânia:

Dólar e euro

As moedas mais tradicionais e usadas no mundo também são comumente usadas como reserva de valor. Investidores procuram esses ativos por serem os mais seguros e por sua liquidez: é fácil encontrar países que aceitam essas moedas. Os bancos centrais têm reservas internacionais em dólar, já que é uma moeda forte e a probabilidade de a economia norte-americana colapsar é muito baixa. 

Imóveis

Casas, apartamentos e terrenos também podem ser considerados reservas de valor para momentos de crise. Essas opções, porém, têm menor liquidez se comparadas ao ouro e ao dólar, já que pode ser difícil vender ativos de alto valor agregado em momentos de crise.

Criptomoedas

Os especialistas ouvidos pela Inteligência Financeira não recomendam as criptomoedas para a composição da reserva de valor. Um dos argumentos é que elas ainda são ativos muito novos. “Criptos não se aplicam como reserva de valor, são muito novas para isto. O ouro cumpre essa função há mais de 200 anos”, diz Alexandre Brito, gestor da Finacap Investimentos. Não se aplica como reserva de valor. Ouro tem isso porque tem mais de 200 como reserva de valor, criptos muito novas para isto. 

E a rentabilidade?

Quem investe nesses ativos pensando em se proteger em momentos de tensão na economia mundial deve estar preparado para abrir mão de rentabilidade. “São ativos que não geram caixa, não tem pagamento de juros ou dividendos, têm o custo de ter uma rentabilidade ruim”, comenta Brito, sobre ouro e dólar. “A reserva de valor é como o seguro do carro: ninguém quer usar, mas agradece que tem em caso de necessidade. Na reserva de valor, a ideia é se prevenir abrindo mão de rentabilidade”,  diz Pedro Tiezzi, analista de investimentos da SVN.

Quem deve ter uma reserva de valor? 

Segundo Stefan Castro, gestor na AF Invest, todos os investidores devem montar uma reserva de valor. Um dos benefícios, segundo o especialista, é a diminuição do risco e volatilidade do portfólio: “o investidor consegue manter uma carteira diversificada e constrói uma proteção, já que tem ativos que tendem a ter volatilidade muito menor do que ativos de risco”. 

Reserva de valor x reserva de emergência

Os dois conceitos podem até ser parecidos, mas existem diferenças entre eles. A reserva de emergência é considerada essencial para qualquer investidor, já que todos estamos sujeitos a imprevistos, como a perda do emprego. Por isso os planejadores financeiros recomendam que os investidores tenham uma reserva equivalente a seis meses dos seus gastos mensais. O dinheiro deve ser aplicado em um instrumento com boa liquidez em caso de emergências.

Já a reserva de valor se aplica a momentos de crise que afetam o mundo todo, como guerras e pandemias. É em momentos como estes que os investidores temem que determinados ativos percam seu valor e não tenham muito para onde correr. Pensando nisso, correm para ativos que não perderão totalmente seu valor, em qualquer lugar do mundo. E, num mundo totalmente conectado e globalizado, pandemias e guerras afetam a todos, como bem estamos vendo e vivendo nos últimos dois anos.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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