Onde investir na renda fixa privada em 2025? Veja a estratégia da Itaú Asset

Com spreads baixos, gestora busca inovar no crédito privado com derivativos e ativos no exterior

A superintendente de crédito privado da Itaú Asset, Fayga Czerniakowski Delbem, disse durante a semana que a redução dos spreads no setor vem impondo desafios adicionais na busca de retorno e que, por isso, em 2025 novos instrumentos e formas de alocação serão usados pela gestora.

Ela citou dois exemplos: o uso de contratos derivativos no mercado local nos fundos de crédito e, nos de infraestrutura, o lançamento de um veículo isento que reúne crédito local e papéis de empresas brasileiras no exterior, com proteção contra a variação do câmbio.

“A gente vem trabalhando nos derivativos de crédito nos últimos dois anos, o que, num ambiente de maior volatilidade de spreads e cenário macroeconômico mais desafiador, traz mais ferramentas para o gestor buscar melhores resultados”, disse Delbem, no evento “Perspectivas 2025”, da Itaú Asset.

Já a diversificação nos fundos de infra foi permitida, segundo a executiva, pelo que chamou de “avanço regulatório”, com a criação recentemente pela B3 de um “grau adicional de flexibilidade para operar as margens de garantia e essas mudanças de indexador de inflação para pós-fixados ou outros índices.”

A câmara de liquidação e custódia da B3 passou a aceitar debêntures como garantia para a cobertura de margem de risco em operações que envolvam a bolsa como contraparte central. A novidade interessa especialmente a gestores de recursos que usam derivativos como estratégia de proteção para as suas carteiras.

Para Delbem, 2025 começa com um cenário muito diferente do visto em 2024, que começou com spreads em CDI mais 2,20% a 2,30% e tinha tendência bem definida.

“A gente via valorização generalizada porque os títulos ainda estavam em níveis depreciados dados os desafios do primeiro trimestre de 2023 [com a crise da Americanas].” Agora, prossegue ela, a valorização mais generalizada já aconteceu, o prêmio de risco médio caiu para CDI mais 1,70% a 1,80%, mas há oportunidades de aproveitar a dispersão cada vez maior dos spreads.

“Temos diferença grande entre companhias, entre riscos de crédito, temos CDI mais 0,5%, mais 1% e mais 5%, e é esse tipo de oportunidade que vamos buscar em 2025. Escolher as boas empresas ainda baratas, para capturar a valorização, e vender essas posições caras que estão pagando spread baixo.”

Delbem afirma que a gestão ativa vai ser fundamental para compor uma carteira saudável em um ambiente macroeconômico mais desafiador. “Empresas mais alavancadas, com margens baixas, despesas financeiras machucando a geração de caixa são pontos que inspiram mais cuidado em 2025.”

Para a executiva, o crédito privado “conquistou de forma definitiva um pedaço da carteira dos investidores, inclusive pela baixa correlação com outras aplicações.” Além disso, prossegue ela, o segmento de crédito para infraestrutura atingiu maturidade, mas, ressalta, é importante ter consciência de que é um mercado que permanece atrativo em 2025 mas com risco de volatilidade por ter correção ligada à inflação e ao prazo mais longo das debêntures.

“Buscamos pulverização setorial, mas olhar o micro da empresa para o macro é essencial para ter portfólio saudável”, explica. Em crédito privado, ela comenta que a Itaú Asset está evitando setores de margem menor, expostos à renda do trabalhador, como o varejo. Também acompanha mudanças setoriais.

Delbem cita o setor de saúde privada, que historicamente é visto como resiliente mas que desde o ano passado vem enfrentando pressão de fluxo de caixa e liquidez por conta da demora nos repasses das seguradoras para os hospitais. “Um setor que era previsível passou a ter desafios na margem.”

No mesmo evento, Felipe Wright, gestor de crédito estruturado da Itaú Asset, afirmou que “2024 foi o ano do crédito privado.” “Em 2025, fluxo de recursos para fundos de crédito continua positivo e forte. Temos feito parcerias com outros gestores da Itaú Asset para adicionar estratégias macro na parcela livre da exigência de alocação em debêntures incentivadas, um mix de crédito com multimercados isento de IR”, concluiu.

Com informações do Valor Econômico

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