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Na renda fixa, qual investimento é o campeão e qual é o grande perdedor após o Copom?
Com o fim de mais um ciclo de reuniões do Copom, é hora de passar a régua no mercado e registrar os impactos estimados pelo evento nos ativos de renda fixa para o investidor.
O BC manteve a Selic inalterada em 10,50% na última quarta-feira, como previam dez entre dez analistas e gestores.
A novidade, embora tímida, veio no comunicado que acompanha a decisão para o juro base da economia. Os diretores ampliaram o olhar sobre a inflação, mas foram cautelosos sobre o futuro. Eles optaram pelo termo “vigilante” ao comentar o cenário doméstico para a economia.
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Como o mercado leu o tom do comunicado
Para a Faria Lima, o texto veio ligeiramente mais duro do que o da reunião anterior, mas um tom abaixo daquilo que era esperado.
Antes do Copom, os contratos de derivativos de juros apontavam para quatro altas consecutivas na Selic. Duas de 0,25 ponto porcentual (p.p.), em setembro e novembro. E duas de 0,50 p.p., em dezembro deste ano e janeiro de 2025.
“O mercado contava com a Selic em 12% em janeiro. Agora, fica uma dúvida do que vai acontecer”, disse o estrategista de renda fixa do Itaú BBA, Lucas Queiroz, logo após o fim do Copom. “Amanhã, os juros de curto prazo vão cair e os de longo prazo vão subir”, apontou.
Prefixado em queda
Dito e feito. O mercado abriu hoje com queda nos contratos de juros com vencimentos nos janeiros de 2025 e 2026. E alta nos contratos que expiram em 2029.
O site do Tesouro Direto interrompeu as negociações dos títulos em parte da manhã em virtude de forte volatilidade. Apenas o Tesouro Selic, que é pós fixado, estava disponível aos investidores.
A interpretação desse movimento é de um ajuste das posições investidas. Para o mercado, reduziu-se a chance de uma alta na Selic nas próximas reuniões. Mas a economia, acreditam os operadores, vai demandar uma interferência monetária em virtude de uma inflação mais forte. Com isso, o movimento que se espera é o de carregar o aumento dos juros para o futuro.
Qual renda fixa ganha após o Copom?
Os operadores do mercado estão cuidadosos com o momento. Dizem que um comunicado menos claro por parte do Copom torna o ambiente menos previsível, por isso mais arriscado.
Lucas de Caumont, gestor da Matriz Capital Asset, aponta que o prefixado, neste momento, é para os arrojados.
“A volatilidade tende a se manter bem alta. Para quem tem apetite a risco, vale fazer trade de prefixado mais longo, mas tem que ter estômago”, diz.
No Itaú, a recomendação é que o investidor conservador zere suas posições de prefixados. O agressivo deve ter até 13% da carteira nesses títulos.
“O risco do prefixado é comprar hoje pagando 12% e amanhã, por conta dos riscos fiscais, política brasileira, inflação, esse prêmio ser de 13% ou 14%. O título vai se desvalorizar se esse prêmio subir”, explica Camila Fioravante, especialista de portfólio e de investimentos do Itaú BBA.
Na renda fixa, a relação de valorização é inversa. Se o prêmio de um determinado título sobe no mercado secundário, o valor do título cai.
Vale a pena investir em NTN-B?
Já os títulos atrelados à inflação, os IPCA +, também chamados de NTN-Bs, dividem mais a opinião dos especialistas. Muito especialista ainda vê como imbatível o prêmio de 6% que eles pagam, mesmo com um juro real que migra para a casa7%.
Por isso, a indicação é evitar o curto prazo. Mas podem ser uma boa opção para um horizonte de investimento mais longo.
“Os ativos que se atrelam ao IPCA são indicados para os títulos de prazos mais longos, superiores a 2 anos”, afirma Ana Paula Carvalho, especialista em mercado de capitais e sócia da AVG Capital.
Ana Paula explica que esses papeis protegem o investidor das variações da inflação. O IPCA corrige parte da remuneração do título.
O investidor pode investir em títulos públicos através da NTN-B ou títulos de créditos privados, como as debêntures, CRA, CRI e os papeis emitidos pelos bancos como CDB, LCA, LCI ou Letra Financeira.
No pós-Copom, o campeão da renda fixa é…
Os especialistas estão neste momento mais animados com os títulos pós fixados atrelados ao CDI, taxa de juros que caminha de mãos dadas com a Selic.
Na carteira de recomendações do Itaú, o conservador pode aportar até 85% na classe que congrega CDBs, LCAs e LCIs, além de alguns CRIs e CRAs. Ao moderado, o banco recomenda até 52% de exposição neste momento.
“Estamos mais alocados em pós-fixados pra diminuir o risco”, conta Caumont, da Matriz. Esses títulos acompanham a Selic e pagam ao investidor um pequeno prêmio extra. Afinal de contas, em tempos de incerteza, melhor garantir do que remediar
“Está difícil dizer o que vai acontecer”, afirma Leonardo Ono, gestor de renda fixa da Legacy.
“O Copom mostrou que uma queda nos juros está totalmente fora de questão, até onde a vista alcançar. Para setembro, é preciso acompanhar o dólar e o relatório Focus. Há alguma chance de alta, mas só se o câmbio piorar mais, ir para perto de R$ 5,90”, afirma Ono.
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