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Efeito Silicon Valley Bank: bancos digitais no Brasil podem ser contaminados?
Nos últimos dias, o colapso no Silicon Valley Bank (SVB) e os desdobramentos do caso estiveram entre os assuntos mais comentados no mercado financeiro, assustando muitos investidores. No dia 10 de março o pedido de falência do banco americano tomou conta dos noticiários.
O colapso representa a segunda maior quebra bancária da história dos Estados Unidos, atrás apenas do banco de investimentos Lehman Brothers, que decretou falência em meio à crise econômica de 2008.
No entanto, na visão de Antonio van Moorsel, estrategista-chefe e sócio da Acqua Vero, os casos se diferenciam em alguns aspectos. “O Lehman Brothers apresentou um problema de crédito – diferente do SVB, que quebrou por questões de má gestão de ativos. O Lehman Brothers também era altamente alavancado, cerca de 30 vezes mais que o SVB, além de ser completamente interconectado ao sistema financeiro americano” ressalta.
Saques podem fazer outros bancos quebrarem?
De uma maneira geral, o que aconteceu com o Silicon Valley Bank pode afetar outros bancos pela corrida bancária.
O termo se refere a um movimento de pânico generalizado, onde um grande número de clientes solicita um resgate de suas contas ao mesmo tempo.
Ou seja, mesmo as instituições mais saudáveis podem passar pelo mesmo.
No caso do SVB, foram US$ 42 bilhões de solicitações de saques em apenas um dia. Em paralelo, os Estados Unidos enfrentam seu período de maior inflação em 40 anos.
“O banco não soube se proteger dessa alta de juros e inflação e teve um problema de liquidez. Os clientes, que eram grandes fundos de venture capital e startups, fizeram uma grande retirada”, explica Fábio Ieger, especialista em finanças e CEO da iCertus, empresa do segmento de antecipação de recebíveis.
Um ponto importante nessa história foi o pronunciamento do Tesouro dos Estados Unidos, do Federal Reserve (Fed) e da Financial Deposit Insurance Corporation (FIDC), que agiram rapidamente sobre o caso.
“O governo garantiu a proteção para todos os depositantes do banco, o que acalmou o mercado. A postura do Tesouro foi fundamental para impedir uma quebra maior no mercado”, ressalta Diego Hernandez, economista e CEO da Ativo Investimentos.
A quebra do SVB pode afetar os bancos digitais no Brasil?
Por aqui, a quebra do Silicon Valley Bank, que financiou diversas startups, gerou tensão entre investidores e dúvidas sobre o impacto do caso nas operações dos bancos digitais brasileiros.
Fintechs como Nubank, C6, Inter, Agibank, Original, PagBank e Neon anunciaram ao mercado que não possuem qualquer exposição ao banco americano.
“Não havendo uma ligação direta com o SVB, esses bancos não correm grandes riscos. O maior impacto seria no caso de uma retirada generalizada por medo dos clientes. Mas é importante ressaltar que os valores que estão nesses bancos digitais são resguardados pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Os clientes têm até R$ 250 mil de cobertura”, ressalta Diego.
Sistema financeiro no Brasil é sólido
Na visão do economista, não há motivo para pânico, já que o sistema financeiro brasileiro é sólido.
Para o investidor, o ideal é pensar sempre no limite dos R$ 250 mil para alocações em bancos menores. Acima disso, é importante montar uma boa estratégia e avaliar o risco de crédito.
“Sugiro usar bem o Tesouro Selic, que tem um retorno interessante, ou até os ‘bancões’, já que o governo não deixa uma instituição com tanto peso no sistema quebrar”.
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